''A administração da Fiat da Itália decidiu impedir na sua base o trabalho da Federação dos Operários Metalúrgicos (FIOM-CGIL), a entidade mais representativa do setor, por ter se recusado a assinar um contrato que arrasa os acordos dos trabalhadores com a empresa e a própria convenção nacional vigente no ramo metalúrgico.
A multinacional tentou impor, através de um simulacro de negociação, um "acordo" lesivo aos cerca de 86 mil trabalhadores na Itália.
Para isso, a Fiat decidiu até desvincular-se da confederação patronal italiana, a Confindustria, fugindo assim, de forma totalmente ilegal, das convenções coletivas que regulam todo o setor.
Frente à posição firme de recusa do lesivo ‘acordo’ pela FIOM-CGIL, a Fiat decidiu também excluir essa estrutura sindical do leque de sindicatos admitidos nas unidades do grupo.
Assim, desde o início do ano, os trabalhadores da Fiat estão instados se desfiliarem da FIOM, e caso não o façam, a empresa diz que não irá repassar as quotas sindicais.
Num ataque aberto à liberdade de associação, os trabalhadores estão igualmente impedidos de eleger representantes filiados naquela federação, ao mesmo tempo que aumentaram as discriminações e até ameaças de demissão contra os que permanecem fiéis a ela.
A Fiat tenta impor condições de trabalho que não existem na Itália. Planeja-se regime de turnos que prevê 18 horários distintos aplicáveis a qualquer momento sobre os trabalhadores sem necessidade de negociação. As horas suplementares obrigatórias podem chegar a 200 por ano, o que equivale a um mês de trabalho. As pausas de dez minutos são eliminadas e as refeições jogadas para o final de cada turno.
A Federação salienta ainda que o novo regulamento revoga todos os acordos existentes em cada unidade, sem consulta aos trabalhadores, limita o direito de greve, elimina na prática a negociação sobre a organização do trabalho e horas suplementares, e transforma os delegados sindicais em controladores das regras da empresa.
Reafirmando que não prescinde da convenção coletiva nacional e dos contratos assinados ao nível de cada empresa, a FIOM-CGIL já convocou uma greve para a próxima semana em todas as unidades da Fiat e prepara uma grande manifestação nacional em Roma para 11 de fevereiro.''
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