Outras fontes, próximas a alta cúpula do governo federal, foram procuradas e confirmaram a informação, acrescentando que a própria presidente Dilma Rousseff já aprovou o escopo do negócio. Isso porque a aproximação com a empresa espanhola Iberdrola pode beneficiar outro negócio importante para o setor elétrico brasileiro, que é a compra de parte da empresa portuguesa EDP pela Eletrobras. A estatal está em disputa com a Cemig, a alemã E.ON e os chineses da Three Gorges Corporation para adquirir 21,35% das ações da EDP hoje nas mãos do governo português e com valor de mercado de € 2 bilhões. O BNDES vai financiar a operação para a Eletrobras.
Se a estatal federal vencer a licitação, os planos são o de buscar parceria justamente com a Iberdrola para controlar de fato a empresa portuguesa. O capital da EDP está altamente pulverizado no mercado e por isso, mesmo com a compra de 21,35% do capital, o vencedor da licitação terá que fazer acordo de acionistas para ter o controle ou comprar ações que estão nas mãos de outros grupos. O maior acionista da empresa, depois do governo português, é justamente a Iberdrola, que detém 6,8% das ações da companhia portuguesa.
A compra da EDP é estratégica para a Eletrobras por causa de seus planos de internacionalização. Além disso, a EDP possui importantes ativos no Brasil como as distribuidoras de energia Bandeirante, que atua em São Paulo, e Escelsa, no Espírito Santo.
Há duas semanas, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, esteve em Portugal e se encontrou com o presidente mundial da Iberdrola, Ignácio Galán. O executivo espanhol esteve no Brasil na quinta-feira quando se encontrou com o presidente da Previ, Ricardo Flores, e o diretor de participações, Marco Geovanne Tobias. Os dois estão à frente das negociações, pela Previ, para as alterações societárias a serem feitas na Neoenergia que é dona das distribuidoras Coelba (Bahia), Cosern (Rio Grande do Norte) e Celpe (Pernambuco).
A Previ tem hoje participação relevante na Neoenergia, de 49%, e portanto está desenquadrada das regras dos fundos de pensão que preveem uma participação máxima de 25% das fundações por empresa. Além disso, o fundo controla, com a Camargo Corrêa, a CPFL Energia.
Inicialmente, o governo federal tinha planos de unir a CPFL e a Neoenergia. O controle seria assumido pelo grupo privado brasileiro. Mas a Iberdrola não deixou que isso acontecesse e iniciou uma série de movimentos, fazendo fortes investimentos no Brasil. Adquiriu no início do ano a Elektro por R$ 2 bilhões, distribuidora que era desejada pela CPFL. Foi uma das maiores vencedoras do leilão de energia eólica de 2010. Aprovou sem restrições a entrada da Neoenergia em Belo Monte e em Teles Pires.
Com a Europa em crise, o Brasil se tornou um destino certo de crescimento de resultados. As operações brasileiras, antes escondidas nas divulgações de resultados da companhia, começaram a ser destacadas. O Brasil passou a responder diretamente à matriz e não mais pela filial do México.''
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