"Está em curso um processo de seleção na Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, para a escolha dos conselheiros de administração e fiscais de empresas em que a fundação detém participação acionária, como Ambev, CPFL Energia, Gerdau, Neoenergia e Usiminas.
Embora esteja longe de ser tão concorrido como os concursos públicos ou como a escolha de trainees da Ambev, que atrai milhares de jovens todos os anos, o processo de seleção merece atenção: pode definir o equilíbrio de forças entre diferentes grupos que têm interesse em acompanhar mais de perto as decisões da Previ, o maior fundo de pensão do país. Ou seja, se os funcionários ligados ao comando do banco aumentarão a representatividade nos conselhos das companhias, se os aposentados terão mais influência ou se sindicalistas ampliarão seu espaço nas decisões.
Funcionários e aposentados do banco podem participar da seleção e devem se inscrever no site da Previ até 16 de novembro. Cerca de 3.300 já têm currículos cadastrados para concorrer a 171 assentos nos conselhos das empresas que realizarão assembleias entre março e abril de 2012 para renovar ou reeleger os integrantes.
Os aposentados estão aumentado a representatividade nos últimos anos. Hoje, eles ocupam 52% dos atuais 223 assentos - entre titulares e suplentes com mandato previsto para terminar em 2012 ou 2013. Em 2004, representavam cerca de 46%. Em 2008, estavam em 47%.
Os funcionários ativos do banco, por outro lado, veem reduzindo a influência. Eles estavam em cerca de 18% dos assentos indicados pela Previ. Hoje, estão em 5%. A participação de sindicalistas é mais difícil de calcular, porque eles podem estar ligados às entidades que representam os trabalhadores e os aposentados.
Segundo fontes próximas ao banco e à Previ ouvidas pela reportagem do Valor, o avanço dos aposentados ocorreu à medida que o banco passou a orientar os funcionários ativos a evitar as disputas internas por uma vaga de conselheiro. "Vários executivos queriam ser conselheiros, o que causava conflitos. Era difícil administrar a ciumeira", diz uma das fontes.
O BB e as entidades de classe informaram, por meio das assessorias, que não interferem na seleção e que a Previ define os critérios para eleger os conselheiros. Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, acrescentou que a entidade cobra dos eleitos a defesa dos direitos dos trabalhadores.
A princípio, os candidatos querem maximizar o valor das empresas porque são esses ativos que vão pagar a aposentadoria dos funcionários do banco. O pano de fundo é a disseminação de boas práticas de governança. "Ser conselheiro é uma nova profissão", diz Joaquim Rubens Fontes Filho, professor da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. "A Previ conseguiu criar um modelo de acompanhamento do funcionalismo a partir de leis que regem o modelo de governança dos fundos estatais."
Segundo a assessoria de imprensa da Previ, dentre os critérios de seleção, destacam-se formação acadêmica, experiência profissional e conhecimentos específicos, como direito societário e estratégia empresarial. Nos casos em que a indicação de funcionário caracterizaria conflito de interesses - como a participação no conselho do banco -, a Previ indica conselheiros externos."
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