"A briga pelo comando da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), que representa 387 sindicatos e é a menor entre as seis centrais sindicais cadastradas no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), caminha para o fim do reconhecimento da instituição como uma central - classificação dada apenas as entidades que representam mais de 7% dos sindicalizados do país. A CGTB bate atualmente na meta: tem 7,02%.
O racha tem feito o presidente afastado da central, Antonio Neto, cogitar a saída da CGTB. Uma carta publicada em seu blog pessoal dá indícios do rompimento: "Vamos debater num futuro próximo o melhor caminho para os sindicatos filiados à CGTB colocarem em prática o sonho de integrar e construir uma central que realmente defenda os interesses dos trabalhadores", escreveu.
O destino mais provável, segundo pessoas próximas as negociações, é levar o grupo de sindicalistas que apoia o presidente afastado para a Central Sindical de Profissionais (CSP) - uma entidade menor, com 35 sindicatos filiados, que estava próxima de se fundir com a CGTB antes de estourar a briga interna.
Neto, que representa o maior sindicato da CGTB, o do Processamento de Dados de São Paulo, com 42 mil trabalhadores filiados, acredita que 70% dos dirigentes estão ao seu lado. Se confirmada a saída, mesmo que de parte das associações, a CGTB não deve alcançar o índice de representatividade e perderá a condição de central.
A classificação dá direito a parcela da contribuição sindical - que em 2010 foi de R$ 5 milhões- e de vagas nos conselhos consultivos do governo federal, como no do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O grupo de Neto também terá dificuldade para atingir os 7% de representatividade sozinho, mas avalia que é melhor ficar um ano sem o repasse do que continuar brigando com os ex-aliados, situação que se arrasta desde o começo do ano por causa da eleição da diretoria. O vice-presidente, Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, ligado ao Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR 8), que participou da luta armada contra o regime militar, rompeu com Neto ao ser ameaçado de perder os cargos que tinha para os novos sindicatos filiados à CGTB.
Rachados, Bira e Neto realizaram eleições separadas e discutem na Justiça desde então para definir o vencedor. A decisão mais recente anulou estas eleições e decidiu que Neto deveria realizar uma nova votação em 30 dias, mas ele não cumpriu o prazo, alegando que ainda havia recursos em julgamento, e foi destituído por isso.
Bira foi eleito presidente da CGTB na sexta-feira, em disputa de chapa única devido ao boicote de Neto à eleição, que ele tenta anular na Justiça. "O Bira corre o risco de ficar com a sigla, mas perder a central", diz um sindicalista que acompanha as movimentações."
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