Trabalhadores rejeitaram ontem proposta acertada entre o comando da categoria e a estatal; o motivo seria um racha na base sindical
Um racha na base sindical fez com que representantes dos trabalhadores dos Correios em todo o País rejeitassem a proposta acordada na terça-feira entre o comando da categoria e a estatal perante o Tribunal Superior do Trabalho (TST). Como consequência, a greve, que acabaria ontem, prosseguirá por tempo indeterminado, até o julgamento do dissídio coletivo pelo TST. Até ontem, foi contabilizado o atraso de 145 milhões de correspondências.
Fontes ouvidas pelo Estado afirmaram que, economicamente, a proposta acordada no tribunal não deveria ter sido reprovada por duas razões. A primeira é o aumento real de 9,9% a partir de outubro, o dobro das negociações salariais fechadas este ano, que não resultaram em índices superiores a 5%.
A segunda refere-se ao ponto crítico da queda de braço entre Correios e trabalhadores: o desconto dos dias parados. A estatal propôs não descontar 15 dos 21 dias parados até terça-feira, mas jogou duro em relação aos seis dias já descontados em setembro - um "aviso" para os trabalhadores não participarem de futuras paralisações.
Uma disputa política entre os sindicalistas foi o pivô da recusa da propostas acordadas no TST. Sindicatos regionais comandados pelo PSTU, PCO e PSOL nunca fecham acordo com a ala do PT que comanda a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), entidade que toma a frente das negociações com os Correios. "Tem um racha entre os sindicatos. Aí fica muito complicado chegar a um consenso", disse uma fonte.
Segundo Elias Cesáreo de Brito Júnior, presidente do Sintect de São Paulo, o principal ponto de insatisfação da categoria é o desconto de seis dias na folha de pagamento e a compensação dos outros 15 em finais de semana. Ele explicou que um funcionário dos Correios que trabalha aos sábados tem direito a dois dias de folga por semana. Mas, na forma estipulada no acordo, cada sábado trabalhado compensará apenas um dia parado.
Outro ponto de insatisfação está no fato de os Correios não terem aceitado dar o aumento linear de R$ 80 a partir de 1.º de agosto, data base da categoria. Na segunda-feira, está prevista audiência no TST em que será comunicada, oficialmente, a rejeição da proposta.”
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