"O conselho de ministros do governo português aprovou ontem um decreto-lei que acaba com os direitos especiais do Estado na EDP, a empresa de eletricidade de Portugal. Com o fim dessa "golden share", o caminho fica aberto para que a participação do governo, de 25,7%, seja vendida e com isso a Eletrobras poderá voltar a negociar a compra da empresa. A estatal brasileira já fez toda a análise do investimento e uma das exigências, divulgadas publicamente, era a de ter direito a assento no conselho de administração da companhia. Mas ainda existe a indefinição sobre a posição que será vendida pelo governo. A Eletrobras fez proposta para comprar 10% da empresa, mas recentemente o presidente da estatal brasileira, José da Costa Carvalho Neto, disse em entrevista ao Valor que o governo ainda não havia decidido se venderá toda sua participação ou apenas parte dela.
Ontem, o presidente da EDP, Antonio Mexia, disse a jornalistas portugueses que faz sentido a compra de uma fatia da empresa pela brasileira. "A Eletrobras é uma companhia com quem já trabalhamos, é nossa parceira já no Brasil, temos as melhores relações, somos acionistas conjuntos em vários projetos", disse Mexia. "Por isso, é um nome que faz sentido, mas é (uma decisão) da exclusiva responsabilidade do governo".
O jornal "Expresso" noticiou que além da oferta da Eletrobras, o governo também tem sinalizações de que a argelina Sonatrach e o fundo soberano IPIC, de Abu Dhabi, têm interesse em aumentar suas posições hoje em 2% e 4%. A EDP de Portugal é uma empresa com capital altamente pulverizado. Se a Eletrobras conseguir comprar os 10% a que se propôs e o governo português manter o restante, cerca de 15%, a estatal brasileira se tornaria a segunda maior acionista da EDP de Portugal.
No Brasil, a EDP é dona das distribuidoras Bandeirante e Escelsa, que atuam respectivamente em São Paulo e Espírito Santo. Além disso, é dona de importantes ativos de geração e suas usinas têm capacidade de gerar mais de 1.700 MW, sendo uma das maiores geradoras privadas do país. Além disso, constrói junto com a MPX uma térmica de grande porte em Pecém. O interesse da Eletrobras, entretanto, é na compra de participação na matriz. No Brasil, a EDP está fazendo uma oferta pública para vender 15% das ações que detém. Ainda assim, permanece controladora."
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