quarta-feira, 22 de junho de 2011

"Sadia-Perdigão pode vender marcas e fábricas" (Fonte: O Globo)

"Empresa apresenta nova proposta para que Cade aprove fusão e faz mapeamento para desmembrar ativos
BRASÍLIA. A BRF-Brasil Foods - empresa resultante da fusão entre Sadia e Perdigão - apresentou ontem ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) uma nova proposta para tentar viabilizar sua aprovação pelo órgão antitruste. Fontes ligadas à companhia afirmaram ao GLOBO que, desta vez, a BRF se dispôs a "sangrar", ou seja, vender tanto ativos industriais (como fábricas) quanto marcas importantes no mercado, tentando, porém, preservar as principais: Sadia e Perdigão.
- Encerramos o assunto. Tudo que tinha de ser dito foi dito - disse o presidente-executivo da BRF, José Antônio do Prado Fay, depois de uma reunião com integrantes do Cade.
Fontes informaram que a BRF está mapeando seus ativos para montar pequenos blocos de unidades produtivas espalhadas pelo país (do Sul ao Nordeste) que possam ser vendidos no mercado como "mínis BRFs".
Como nenhuma unidade fabrica apenas um produto, a BRF está redesenhando sua logística, preparando os blocos para a venda. Hoje, a empresa tem cerca de 60 fábricas, sendo que quase 40 produzem alimentos processados. O restante fabrica lácteos, segmento que está fora do julgamento do Cade.
A equação para fechar que marcas podem ser vendidas é considerada um desafio. Algumas são populares entre as classes A e B, enquanto outras têm mais força nos mercados C e D. Isso é claro no mercado de margarinas, no qual a BRF tem mais de 80% de market share. Claybom e Doriana, por exemplo, são mais conhecidas pelos consumidores de maior poder aquisitivo. Porém, a Qualy é a que tem maior fatia do mercado e seria mais significativa do ponto de vista da concorrência.
Há ainda uma divisão regional entre as marcas que hoje estão sob o guarda-chuva da BRF. A Confiança tem mais força no Nordeste, enquanto a Rezende é popular em Minas Gerais e no Sul.
Poucas empresas poderiam comprar a Sadia, alega BRF
A maior resistência da empresa está mesmo em se desfazer dos nomes Sadia e Perdigão. Enquanto a primeira é forte no exterior e junto às classes A e B, a segunda ganhou espaço nos segmentos de menor renda. Ter de se desfazer de qualquer uma delas seria "uma overdose", afirma uma fonte:
- Essa é uma operação que está doente e necessita de um remédio por parte do Cade. Mas não pode ser uma homeopatia nem uma overdose.
A BRF alega que poucas empresas poderiam comprar a Sadia caso o conselho não permita a fusão. Teriam cacife para isso a Tyson Foods ou companhias árabes e chinesas. No entanto, se a aquisição fosse feita por uma empresa asiática, o consumidor brasileiro correria o risco de ser prejudicado, pois ela provavelmente se voltaria ao mercado externo, reduzindo a oferta doméstica e provocando uma elevação de preços.
A primeira proposta feita ao Cade foi rejeitada pelo relator da fusão no conselho, Carlos Ragazzo. Ao ler seu voto, ele afirmou que a operação poderia representar danos à concorrência no país, uma vez que a concentração de mercado supera 80% em alguns produtos.
Embora Ragazzo tenha rejeitado a fusão, o conselheiro Ricardo Ruiz decidiu pedir vistas do processo durante o julgamento. A nova proposta foi apresentada a Ruiz e também a Alessandro Octaviani, Marcos Veríssimo e Olavo Chinaglia, que estão aptos a votar."

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