"Parlamentar paranaense assumiu cargos em governos estaduais e colaborou com Dilma quando comandava Itaipu
A nova ministra da Casa Civil começou a ganhar projeção no partido na transição do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela é formada em direito e tem amplo conhecimento em questões de orçamento. Já atuou por duas vezes em setores do Poder Executivo, como secretária extraordinária de Reestruturação Administrativa no primeiro mandato de Zeca do PT à frente do governo de Mato Grosso do Sul, em 1999, e como secretária de Gestão Pública da Prefeitura de Londrina, em 2001.
Este é o primeiro mandato eletivo exercido por ela: foi a mais votada no Paraná no ano passado, a primeira mulher eleita senadora pelo estado. Na estatal Itaipu Binacional, exerceu o cargo de diretora financeira por quatro anos e comandava um orçamento anual superior a US$ 3 bilhões. O cargo a aproximou da então ministra de Minas e Energia de Lula, Dilma Rousseff. “Trabalhei com ela em vários projetos. Eu, como diretora de Itaipu. Ela, como ministra”, disse na noite de ontem, no curto pronunciamento à imprensa.
No Senado, a postura de Gleisi logo começou a incomodar colegas da bancada do PT. A senadora assumiu a linha de frente. Considerada um “trator” por alguns colegas, criou situações de indisposição na bancada. Gleisi fez críticas a Palocci, quando esteve com Lula. Ontem, participou da reunião da bancada petista que decidiu por não divulgar uma nota de apoio ao ex-ministro, apesar da tentativa da senadora Marta Suplicy (SP) de redigir e divulgar o documento.
O dia de Gleisi no Senado, antes de ser anunciada ministra, incluiu a participação numa reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde é titular. A senadora foi relatora de um projeto de empréstimo de 86 milhões de euros (cerca de R$ 198 milhões) para a modernização de caças da Força Aérea Brasileira (FAB). O debate na CAE foi intenso e, de lá, Gleisi seguiu para o plenário. Não discursou, passou rapidamente pelo local e logo foi convocada pelo Planalto.
Disciplina
Além da CAE, Gleisi é titular das Comissões de Agricultura, Relações Exteriores, Orçamento e da Subcomissão de Fronteiras. Ocupa a suplência da Comissão de Educação e da CPI do Tráfico de Pessoas. Na liderança do PT, coordena o núcleo de economia — é a primeira vice-líder do partido no Senado.
Quem trabalha com a senadora na Casa a descreve como “disciplinada” e “competente”. Gleisi costuma chegar ao Senado por volta das 8h30, quando lê os projetos. Depois, passa pelas comissões e segue para o plenário. O almoço é feito no próprio Senado — ela é vegetariana. Três projetos de sua autoria foram aprovados pela Casa e remetidos à Câmara. São propostas de melhoria das condições de aposentadoria das donas de casa, aperfeiçoamento da Lei Maria da Penha e aplicação do Fundo de Defesa Civil.
Aos 45 anos, Gleisi deixa o gabinete que já foi da ex-senadora petista Ideli Salvatti — hoje ministra da Pesca — para assumir a Casa Civil. O desafio da paranaense é dissociar sua atuação no Executivo do poder de influência do marido. A interpretação no governo é que o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, terá mais espaço para atuar na articulação política. Graças, agora, à força da mulher e à inexperiência de Gleisi na relação com as articulações em âmbito federal.
Estado fortalecido
O primeiro escalão da presidente Dilma Rousseff tem agora um casal de ministros: Paulo Bernardo, nas Comunicações, e Gleisi Hoffmann, na Casa Civil. Os dois são casados há 15 anos e têm dois filhos: uma menina de nove anos e um menino de seis. Militantes de esquerda, são lideranças expressivas do PT do Paraná. O ministro, em meio à crise envolvendo o enriquecimento de Antonio Palocci, foi cotado para a Casa Civil. Também foi cogitado para ocupar o Ministério do Planejamento, caso a atual ministra, Miriam Belchior, fosse para a Casa Civil, como chegou a ser cogitado.
Grace virou Gleisi
O nome de Gleisi Hoffmann foi escolhido pela mãe. O objetivo era homenagear a atriz norte-americana e princesa de Mônaco Grace Kelly. Na hora do registro do nome, o pai de Gleisi se confundiu com a pronúncia. Em vez de “Greice”, ficou Gleisi.
SUPLENTE DO PMDB
O primeiro suplente da senadora Gleisi Hoffmann, que deve assumir sua vaga no Senado, é o advogado Sérgio de Souza, do PMDB. Sérgio trabalhou como assessor do ex-governador Orlando Pessuti, também do PMDB, e ganhou a primeira suplência por indicação do ex-governador. O futuro senador já manifestou a intenção de assumir o cargo. Ele tem um escritório de advocacia em Curitiba. Às 14h30 de hoje, Gleisi fará o último pronunciamento no plenário do Senado antes de assumir a Casa Civil. A posse está prevista para as 16 horas."
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