terça-feira, 24 de maio de 2011

Sondas de perfuração na Amazônia: “Experiência estatal mostra dificuldades” (Fonte: Valor Econômico)


“A HRT tem pela frente um desafio bilionário na Amazônia. No fim deste mês, a empresa terá quatro sondas de perfuração na região e está comprando mais quatro equipamentos. Serão oito sondas operando simultaneamente na Amazônia, o que nunca aconteceu nos 40 anos de exploração da região pela Petrobras. Este é só o início da saga: se encontrar algo, terá que tirar o óleo ou o gás do meio da floresta e levá-los aos centros de consumo. A experiência da Petrobras indica que não é tarefa fácil.
A HRT não está sozinha no Amazonas. Outra empresa que tem concessão ali é a pequena STR Projetos e participações, que controla a Petra. Em Urucu e Juruá a Petrobras produz diariamente 40 mil barris de petróleo de alta qualidade e 10,74 milhões de m3 de gás. A produção de petróleo deve subir - em novembro foi iniciado um teste de longa duração (processo que antecede o sistema definitivo de produção), no poço Igarapé Chibata, também na bacia do Solimões, a 630 km de Manaus e 32 km da província petrolífera de Urucu.
Em julho, espera o presidente Marcio Mello, deve jorrar o "primeiro óleo" da HRT - a primeira produção em um teste de longa duração do poço que começou a ser perfurado em abril. Segundo ele, cada área desmatada para furar um poço vai ter o tamanho de um campo de futebol. "O que devasta a Amazônia é a cana, a soja, o gado. Na nossa área, o que a gente leva tem que trazer de volta, de helicóptero. Todos os resíduos serão incinerados em Manaus", garante.
Caso tenha sucesso, os planos são levar a indústria de beneficiamento para perto dos locais de exploração. "Não vou exportar as coisas. Quero usar o gás para gerar energia dentro da Amazônia, para gerar fábrica de fertilizantes e petroquímicos ali", promete Mello.
A HRT já tem 16 geólogos em seu escritório de Manaus, 12 deles selecionados em universidades locais. A HRT tem 52 ex-funcionários da Petrobras, todos aposentados. A empresa começou com 40 empregados e, segundo Mello, o número chegará a 3.000 em 2011.
A HRT montou bases em Manaus, Carauari, Tefé e Tapauá. Está negociando a compra de uma fazenda de 500 hectares nas margens do rio Negro para montar ali um viveiro em área desmatada. Não serão construídas estradas durante a campanha exploratória da HRT, mas Mello acredita que, "se fizesse, ia ser bom para o povo." Emenda: "Enquanto alguns ficam preocupados com árvores, que crescem em tudo o que é lugar, existem 30 milhões morrendo com malária, tifo, leishmaniose, lepra e dengue. Está morrendo gente e agora vai se preocupar que o cara corte uma arvorezinha?"
Se tiver sucesso e descobrir petróleo e gás no Amazonas, a HRT terá que levá-los aos centros de consumo e cumprir as exigências ambientais para operar em um dos biomas mais sensíveis do planeta. O exemplo da Petrobras indica que a tarefa é comparável à saga da sua exploração no mar. A estatal inaugurou em 1999 um gasoduto de Urucu até Coari e demorou mais de três anos para vencer a floresta e construir o trecho Coari-Manaus, o que incluiu túneis sob rios e ajuda do Exército. Foram mais de 800 km de gasoduto, com mais 140 km de ramais para atender oito cidades da região. A base da Petrobras tem 350 km2 e é completamente isolada, sem estradas, só acessos. Urucu tem 110 km de estradas construídas com material que pode ser retirado da floresta quando a produção se esgotar.
Mello pretende vender o óleo e gás que vier a descobrir para a Petrobras, sua cliente preferencial na região Norte. A HRT já fez acordo com a BR Distribuidora para compra de todo o combustível que usa na região. Outra ideia é construir uma rede própria de gasodutos para escoar a produção, usando a faixa de servidão dos equipamentos já instalados pela estatal.
Os 21 blocos hoje operados pela HRT na Amazônia foram adquiridos por R$ 10.010 cada um, na 7ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), de 2005. O único pelo qual se pagou mais caro custou R$ 220 mil. O comprador foi a empresa argentina Oil M&S, associada à Petra/STR. A empresa argentina comprou as áreas sem concorrentes, pagou o valor mínimo e só perdeu nas poucas áreas onde se deparou com a Petrobras. Os argentinos saíram do negócio e transferiram tudo para a Petra/STR, que então ofereceu 55% das concessões no Amazonas para a HRT, até então uma empresa de interpretação de dados geológicos que tinha sido contratada como prestadora de serviços. Com a oportunidade à frente, Mello conseguiu financiadores que permitiram criar a HRT.”


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