“Autor(es): Chico Santos | Do Rio |
Após longo período de análise, o conselho de administração da Braskem, maior petroquímica do Hemisfério Sul, ratificou a participação no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), prevista no acordo que, em janeiro do ano passado, selou a incorporação da Quattor pela empresa controlada pelo grupo baiano Odebrecht. A informação foi dada pelo diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, membro do conselho da Braskem. A parte petroquímica do projeto ainda não tem um valor definido porque o projeto não está detalhado. O projeto como um todo estava avaliado em US$ 8,5 bilhões, mas o valor já é considerado defasado. "O conselho de administração da Braskem aprovou a participação no Comperj. Seu plano de investimentos, não posso entrar em detalhes, já tem verba aprovada pelo conselho de administração para o futuro investimento", disse Costa em entrevista ao Valor. A Braskem confirmou que o investimento foi aprovado em reunião do conselho realizada no dia 16 deste mês. A participação no projeto foi incluída no programa de investimentos apresentado pela direção da companhia aos conselheiros. De acordo com a empresa, só não houve detalhamento sobre quando e como será a participação. A Petrobras detém, desde a negociação com a Quattor, 40% do capital votante da Braskem, contra 60% do grupo Odebrecht. A entrada no Comperj sempre foi considerada, pela Petrobras, uma etapa essencial para tornar viável a fase petroquímica do projeto, que inclui também a construção de uma refinaria com capacidade para processar 330 mil barris de petróleo por dia. E a estatal usou seu peso de acionista com voto qualificado no conselho para fazer, finalmente, valer seu objetivo. Com o sim da Braskem, Costa avalia que a totalidade do projeto, dividido em três etapas, ganhou mais robustez, e já prevê uma antecipação da entrada em operação da fase petroquímica, prevista para o fim de 2016 e começo de 2017. Na avaliação do executivo, a continuidade do crescimento da demanda por resinas termoplásticas (polietileno, polipropileno e PVC, principalmente), o foco principal da Braskem, está assegurada por um fato estrutural e por dois eventos temporais de grande porte. O fato estrutural é o crescimento do mercado brasileiro de consumo, com a incorporação de "23 milhões a 25 milhões de pessoas", com o crescimento econômico do país e a melhoria da distribuição de renda nos últimos anos. Esse movimento positivo, na avaliação do diretor da Petrobras, tende a ser estimulado nos próximos anos pelas obras de infraestrutura que serão executadas nos próximos anos para viabilizar a Copa do Mundo de futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, estes na cidade do Rio de Janeiro. "Minha visão pessoal é que teremos uma demanda grande (por produtos de plástico)", disse Costa. "Acho que teremos grande chance de antecipar (a entrada em operação da etapa petroquímica do Comperj)." Na origem do Comperj o projeto era de uma refinaria basicamente voltada para a produção de petroquímicos básicos a partir de petróleo pesado da bacia de Campos (RJ). As posteriores análises dos mercados de petroquímicos e combustíveis derivados de petróleo, além da dificuldade para a obtenção de parceiros para a petroquímica, acabaram modificando o desenho geral. Pela configuração atual, o Comperj, localizado no município de Itaboraí (região metropolitana do Rio), começa a operar no fim de 2013. No início vai produzir combustíveis, especialmente querosene de aviação (QAV), de olho nos dois grandes eventos esportivos de 2014 e 2016, em uma refinaria com capacidade para processar 165 mil barris de óleo por dia. Essa unidade, assim como sua irmã gêmea que virá em 2018, tem controle exclusivo da Petrobras. A segunda etapa vai englobar uma unidade de petroquímicos básicos (eteno, propeno, benzeno e outros) e unidades de produção de petroquímicos de segunda geração, especialmente as resinas que fazem parte do portfólio da Braskem. Atualmente, de acordo com Costa, 22% da obra da primeira refinaria está concluída. A terraplenagem da área está pronta e a fase atual é de execução das obras civis para receber os equipamentos, todos já encomendados.” |
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