quarta-feira, 30 de março de 2011

“CSN quer ter 10% da Usiminas para garantir conselheiro na concorrente” (Fonte: Valor Econômico)

"Autor(es): Juliana Ennes e Ivo Ribeiro | Do Rio e São Paulo
 

A direção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) reafirmou sua intenção de fazer aquisições de ações ordinárias que somem uma participação além de 10% do capital da concorrente Usiminas na bolsa. No entanto, a siderúrgica comandada por Benjamin Steinbruch, principal acionista, presidente do conselho e principal executivo, não tem meta de prazo para a finalização da compra dos papéis, informou Paulo Penido Marques, diretor-executivo e de relações com os investidores, em conferência com jornalistas para discutir o balanço de 2010.
Até 21 de março, as compras dos papéis ON da Usiminas feitas pela CSN somam 8,6% do capital da concorrente do mercado de aços planos. Tratam-se de ações fora do bloco de controle. No entanto, Penido disse que a empresa ainda não decidiu se vai indicar um conselheiro para a Usiminas quando atingir o limite legal para isso. "Na Usiminas, quem alcança 10% das ações votantes pode indicar um conselheiro. Dissemos que podemos passar de 10%, se for bom, se tiver oportunidade e podemos ter um conselheiro", ressaltou o diretor-executivo.
Penido evitou informar se a CSN fará uma oferta de compra pela participação de 10,1% da Caixa dos Empregados da Usiminas. Essa fatia, que ficará fora do bloco de controle a partir de maio de 2016, está sob mandato do Credit Suisse para buscar um grupo interessado no setor. Além da CSN, foram contatadas a Gerdau e a Ternium, controlada do grupo Techint. Pelo acordo de acionistas, os três principais acionistas da Usiminas - Nippon Steel, Camargo Corrêa e Votorantim - têm direito de preferência de compra das ações da Caixa no caso de venda a outro grupo.
Penido destacou que CSN e Usiminas poderiam ter mais ganhos de sinergias - como compras conjuntas de matérias-primas - do que uma fusão entre a Usiminas e Gerdau. "Os nossos planos de expansão são baseados no crescimento do mercado, na nossa capacidade de acompanhar esse avanço e na nossa capacidade financeira. Concorrência sempre vai existir. A CSN não teme concorrência", disse Penido, referindo-se a uma possível união de ativos de Gerdau e Usiminas. "A sinergia entre as duas existe, mas é limitada", disse o executivo.
O balanço da de 2010 apresentou retração de 4% no lucro líquido do ano, para R$ 2,51 bilhões, apesar do aumento de 32% na receita líquida e de 76% no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado. A receita do ano atingiu R$ 14,45 bilhões e o Ebitda passou de R$ 3,62 bilhões para R$ 6,35 bilhões.
A margem ajustada do Ebitda passou de 33% para 44%. Grande parte disso veio do negócio de mineração de ferro. Essa atividade, que respondeu por 24,4% da receita líquida, contribuiu com 36,5% do Ebitda, com margem de 67%, quase o dobro do aço.
A queda no lucro líquido acentuou-se principalmente no quarto trimestre: o desempenho foi de R$ 450 milhões, 39% menor do que no mesmo trimestre de 2009. Nesse período, a receita líquida subiu 13%, para R$ 3,44 bilhões, enquanto o Ebitda ajustado cresceu 18%, para R$ 1,44 bilhão.
Luiz Fernando Martinez, diretor comercial da CSN, disse que a empresa planeja neste trimestre vender 85% da produção no mercado interno, recuperando mercado perdido para as importações, principalmente no quarto trimestre. "O impacto foi maior nos aços galvanizados, nosso produtos de maior valor agregado." Ele destacou, que nessa disputa, a empresa está praticando prêmios sobre o importado inferiores aos adotados em outros tempos."



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