Após o anúncio de que o presidente egípcio Hosni Mubarak tinha deixado o poder, milhares de participantes do fórum que participavam do ato de encerramento comemoraram e se perguntaram quem será o próximo ditador a cair.
No palco que servia de tribuna para os discursos, o vice-presidente do Fórum Mundial das Alternativas (FMA) declarou que a queda de Mubarak "é só um passo de um longo caminho para alcançar as reivindicações de democracia".
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A reação do regime de Mubarak ao primeiro dia de revoltas "ajudou a radicalizar os protestos e hoje é uma revolução (...) Viva a revolução egípcia", declarou diante da alegria de milhares de participantes do FSM.
"É uma revolução claramente anti-imperialista", disse ele, ao pedir às forças progressistas e democráticas e aos mais de mil de movimentos e ONGs reunidos no evento que apoiem o povo egípcio.
Em seguida, discursou um ativista tunisiano de direitos humanos que louvou "a revolução na Tunísia, no Egito e em todo o mundo árabe", ao afirmar que os tunisianos estão "muito orgulhosos de terem contribuído para desmascarar o discurso falcioso da comunidade internacional".
Pouco antes do encerramento do fórum, a notícia da queda de Mubarak correu de boca em boca entre as milhares de pessoas que participaram do ato, celebrado em um palco ao ar livre no campus da Universidade de Dacar.
"Abrimos o Fórum Social Mundial de Dacar com uma homenagem à revolução tunisiana para concluir com uma homenagem à revolução egípcia e esperemos que haja outras soluções no futuro", disse um dos participantes.
"Aqui se está construindo uma nova cidadania africana, pois o fórum tornou possível a maior concentração de africanos graças às caravanas procedentes de países da África do Norte, da África Ocidental e da África Central", acrescentou.
"Dacar foi o fórum da solidariedade aos povos em luta que ganham e que ganharão", disse o ativista, quem ressaltou que, "apesar das dificuldades de organização, algo enorme se produziu na capital senegalesa demonstrando que é possível outro mundo".
"Foi o fórum dos países do sul que emergem no novo equilíbrio mundial", afirmou.
Durante esta semana, a Universidade de Dacar recebeu 50 mil participantes de 130 países e 1,2 mil ONGs.
A menção às autoridades da Universidade de Dacar pelos oradores do encerramento do fórum provocou as vaias dos presentes, devido à sua falta de cooperação com o evento, o que gerou problemas logísticos.
Por sua vez, a assembleia de movimentos sociais do Fórum Social Mundial convocou para 20 de março mobilizações no mundo todo em solidariedade aos povos de Tunísia, Egito, Saara Ocidental e palestinos.
Em declaração conjunta, os movimentos sociais do fórum condenaram o capitalismo e a violência contra as mulheres, e reiteraram o respeito à Terra e a defesa da soberania alimentar.
O Fórum Social Mundial, que começou no domingo com uma manifestação pelo centro de Dacar, teve neste ano um importante foco no continente africano, com uma numerosa participação de organizações e redes do continente que denunciaram a insegurança alimentar e a especulação sobre as terras de cultivo por multinacionais e outros países.
A violação sistemática dos direitos da mulher na África foi outro dos temas recorrentes no evento.
A assembleia dos movimentos sociais denunciou também que "as potências imperialistas utilizam as bases militares para fomentar conflitos, controlar e saquear os recursos naturais e promover iniciativas antidemocráticas, como fizeram com o golpe de Estado em Honduras e com a ocupação militar no Haiti"."
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