terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Recomendo ler matéria do Estadão "Proibir amianto é viável, revela estudo", disponível abaixo

Recomendo a leitura da matéria abaixo, acerca dos prejuízos aos trabalhadores e à sociedade causados pelo amianto no Brasil.  De acordo com estudo produzido pela Unicamp, citado na reportagem, "a proibição do amianto crisotila no Brasil não traria impactos econômicos significativos, pois as indústrias instaladas já possuem tecnologia para substituir o material, a custos competitivos". 

Um sumário da luta contra o uso do amianto no Brasil pode ser encontrado no artigo disponível em http://www.ecodebate.com.br/2009/01/06/fernanda-giannasi-pelo-banimento-do-amianto-artigo-de-luiz-salvador/, onde o advogado Luiz Salvador, militante dos direitos das das vítimas do amianto, faz veemente defesa do banimento de tal nocivo produto em nosso País.  

Destaco também que recentemente o TRT do Paraná reconheceu a responsabilidade objetiva do empregador no adoecimento causado por arbestose, cuja íntegra está disponível em http://www.adital.com.br/arquivos/2010/11/poder%20judici%C3%A1rio%20%20anexo%20para%20o%20do%20luiz%20salvador%20amianto.doc. Artigo dos advogados dos reclamantes, Luiz Salvador e Olimpio Paulo Filho, está disponível em http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=52060

Maximiliano Nagl Garcez



"Relatório da Unicamp aponta que proibição do amianto traria impactos econômicos pouco significativos à economia do País, pois já existe tecnologia disponível para substituir o mineral, considerado cancerígeno e cujo uso foi banido em 58 países

A proibição do amianto crisotila no Brasil não traria impactos econômicos significativos, pois as indústrias instaladas já possuem tecnologia para substituir o material, a custos competitivos. É uma das conclusões de estudo realizado pelo Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (Neit) da Unicamp, que aponta que a diferença de preços entre as telhas de fibrocimento sem amianto e as com amianto não ultrapassa 10%.
Daniel Teixeira/AE - 23/7/2010
Daniel Teixeira/AE - 23/7/2010
Polêmico. Segundo produtores de amianto, telhas e caixas d'água do material duram 70 anos
Essa diferença tende a cair mais, à medida que novas tecnologias sejam empregadas pelos fabricantes. O estudo mostra que a perda de empregos decorrente do encerramento das atividades de mineração de amianto e da industrialização da fibra traria impactos localizados, porém contornáveis.
De acordo com Ana Lucia Gonçalves da Silva, do Instituto de Economia da Unicamp e uma das autoras do estudo, os impactos negativos mais significativos recaem sobre o município de Minaçu (GO), onde está localizada a mina de extração do amianto, operada pela Sama Mineração.
Os royalties decorrentes da exploração do amianto geram receita da ordem de R$ 3,3 milhões anuais, dividida entre o município, o Estado e a União, aponta o relatório da Unicamp.
"Embora relevantes para Minaçu, esses impactos são pequenos diante dos enormes ganhos em termos da saúde dos trabalhadores e da população em geral, em todo o País", diz a professora. "Esses impactos negativos podem ser compensados com apoio ao desenvolvimento de atividades alternativas, como o turismo."
Preços. Os pesquisadores da Unicamp percorreram lojas de materiais de construção e apontam que, para um mesmo produto - uma telha de dimensões 2,44 m x 0,50m x 4mm, a mais comum no mercado -, o preço pode até ser maior com amianto. A telha nessas dimensões com amianto chega a custar R$ 10, enquanto o produto sem amianto podia ser encontrado por preços que variavam entre R$ 8,90 e R$ 9,20.
Segundo João Carlos Duarte Paes, presidente da Abifibro, entidade que reúne as empresas fabricantes de fibrocimento (material usado para fazer telhas e caixas d"água) sem amianto, a tecnologia para substituir o mineral já está bem estabelecida no País. "Mesmo as empresas que fabricam produtos com amianto já possuem linhas de produtos sem o mineral", diz. "Por que não banir totalmente, a exemplo do que já fizeram outros 58 países?", questiona.
As principais matérias-primas que podem substituir o amianto são à base de polipropileno (PP), resina produzida em escala no Brasil, e poliálcool vinílico (PVA), material que ainda é importado da China e do Japão.
O Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC), que representa os produtores de amianto crisotila, contesta o estudo da Unicamp. Segundo a entidade, os produtos com amianto têm custo de produção 30% menor comparado aos que têm a tecnologia alternativa. "O estudo se baseou em preços diretos ao consumidor, o que é uma inconsistência", diz Marina de Aquino, presidente executiva do IBC. Segundo ela, uma das empresas que substituíram o amianto, a Brasilit, tem telhas a custos competitivos porque fabrica o polipropileno.
Outro ponto a favor do amianto, segundo Marina, é a durabilidade do material. "A telha com amianto tem durabilidade média de 70 anos, enquanto o produto feito de PP dura 10 anos."
PARA ENTENDER
Fibra natural utilizada na fabricação de telhas e caixas d"água, o amianto crisotila é a única variedade do mineral cuja exploração ainda é permitida no Brasil, de modo controlado. A substância já foi banida em 58 países.
A exposição à fibra está ligada a doenças como câncer de pulmão e fibrose pulmonar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o potencial carcinogênico do amianto e recomenda substituir todos os tipos de fibras o mineral, inclusive a crisotila, por materiais alternativos. Segundo a OMS, o modo mais eficiente de controlar essas doenças é interromper o uso do mineral. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que, por ano, 100 mil trabalhadores morrem em decorrência de exposição ao amianto."

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