"É um orgulho para nós estarmos aqui para assinar esse acordo histórico, resultado de muitos anos de luta da categoria. Temos a esperança de que ele possa melhorar o ambiente de trabalho e valorizar a qualidade de vida dos bancários", disse Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), no ato de assinatura do documento, realizado na sede da Febraban,
Carlos Cordeiro lembrou no evento que o assédio moral, resultado das metas abusivas, foi apontado por mais de 80% dos bancários como o problema mais grave nos locais de trabalho, em pesquisa nacional realizada pela Contraf-CUT no ano passado.
O acordo, que tem o nome de Protocolo para Prevenção de Conflitos no Ambiente de Trabalho, foi assinado nesta quarta-feira com nove bancos: Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, HSBC, Citibank, Caixa Econômica Federal, Votorantim, Safra e BIC Banco. Já o Banco do Brasil (assim como a Caixa) instalou comitês de ética no ano passado, após negociações específicas com as entidades sindicais em 2009, com igual finalidade de apuração das denúncias de assédio moral nas instituições. Com essas assinaturas, mais de 90% dos trabalhadores bancários passam a ter um canal para denunciar situações que considerem como assédio moral.
O que diz o acordo
No acordo, os bancos comprometem-se a declarar explicitamente condenação a qualquer ato de assédio e reconhecem que o objetivo é alcançar a valorização de todos os empregados, promovendo o respeito à diversidade, à cooperação e ao trabalho em equipe, em um ambiente saudável.
A Fenaban deverá fazer uma avaliação semestral do programa, com a apresentação de dados estatísticos setoriais, devendo ser criados indicadores que avaliem seu desempenho.
Os bancários poderão fazer denúncias nos sindicatos. O denunciante deverá se identificar para que a entidade possa dar o devido retorno ao trabalhador. O sigilo será mantido junto ao banco e o sindicato terá prazo de dez dias úteis para apresentar a denúncia ao banco. Após receber a denúncia, o banco terá 60 dias corridos para apurar o caso e prestar esclarecimentos ao sindicato.
As denúncias apresentadas ao sindicato de forma anônima continuarão sendo apuradas pelas entidades, mas fora das regras desse programa.
Para especialistas, inovação
Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, representa uma inovação nas relações trabalhistas do país.
De acordo com o juiz Francisco Pedro Jucá, do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP), será a primeira vez que empregados e empregadores fecham uma proposta conjunta contra os assédios. A elaboração dessa proposta estava prevista na convenção coletiva firmada entre bancários e bancos no ano passado. Para Jucá, a assinatura do compromisso "é um passo muito importante".
O juiz explicou que o assédio moral é um tipo de pressão constante e desproporcional, que tem como objetivo minar a autoestima do trabalhador. Essa pressão pode vir em forma de cobranças exageradas ou de exposição do empregado a situações vexatórias, humilhantes ou ridículas.
O magistrado disse ainda que o assédio moral é, geralmente, praticado pelo chefe do trabalhador. Entretanto, a Justiça já reconhece como assédio casos em que o trabalhador sente-se humilhado ou desqualificado por colegas do mesmo nível hierárquico.
"Este é o chamado assédio horizontal", complementa o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Fundação Getulio Vargas (FGV) Roberto Heloani. "Esses casos já são 20% do total dos assédios ocorridos em empresas do país." Heloani é especialista em Psicologia do Trabalho e co-autor do livro Assédio Moral no Trabalho.
O especialista diz que os assédios são práticas intencionais, frequentes e de efeitos gravíssimos nas vítimas. Por isso, ele apoia a iniciativa da Contraf e da Fenaban de coibir esse tipo de abuso.
"O assédio destrói a dignidade do trabalhador. Destrói o sujeito como pessoa", afirma Heloani. "Ele tem consequências terríveis para a saúde. Causa transtornos mentais e doenças no coração."
O assédio traz, inclusive, prejuízos às empresas e à Previdência Social. Segundo o professor, a quantidade de afastamentos médicos de funcionários decorrentes de assédios é grande. O combate aos abusos, portanto, deveria ser iniciativa de todos os empresários e, também, do governo. "Têm pessoas de 30 ou 40 anos se aposentando porque não aguentam mais trabalhar", alerta.
Fonte: Contraf-CUT, Exame e Agência Brasil
Foto: Gerardo Lazzari/Contraf-CU"
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Bela iniciativa, pois esta medida traz a lume um problema recorrente, que tem vitimado milhares de bancários. A submissão a máquinas e ao "sistema" com o excesso de centralização nos bancos prejudica e atinge de morte os empregados na "linha de frente" das instituições, que ali estão para dizer não, consultando uma normativa.
ResponderExcluirA energia dispendida nisto, em todos os sentidos, é extremamente perniciosa. Frente a frente a frieza do lítio e o calor humano, necessário em todas as relações.
Este acordo celebrado em prol dos empregados é ato que representa a insatisfação e o esgotamento comuns ao ambiente bancário, norteado por metas e prazos supra humanos impostos pelo apetite insaciável dos banqueiros.
ResponderExcluirFlávio, esta é, de fato, uma excelente iniciativa, pois espera-se que sirva de inspiração a outros setores do mercado onde o assédio moral é problema crônico, como nas categorias profissionais ligadas à área de saúde e comunicação.
Funcionários de bancos que tentam estudar e melhorar seu curriculum e consequentemente colar um grau sofrem com seus gerentes operacionais ou comerciais no ato em que lhe são negados de saber seus direitos. Enrolam o bancário até que desista do curso. Este é o aspecto cultural externo que impacta dentro dos bancos e deve ser entendido como crime. Omite informações lhe negando total direto de uma formação acadêmica. Comecem a questionar e levar ao grupo de gestão da entidade financeira esse aspecto cultural. Isso é crime. Assim a entidade vai conhecer verdadeiramente seus gerentes e como está a política de carreira e estágio para funcionários internos.
ResponderExcluirSegunda-Feira, maio 23, 2011