"Crimes ocorreram em uma área de ocupação no Sudoeste do estado; júri já foi cancelado oito vezes desde que o Ministério Público fez a acusação
Os pistoleiros acusados de matar dois trabalhadores rurais que seriam ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em 16 de janeiro de 1997, em Rio Bonito do Iguaçu, região Sudoeste do Paraná, serão julgados por júri popular nesta terça-feira (14). O júri será realizado em Laranjeiras do Sul, que fica na mesma região do estado.
Vanderlei das Neves e José Alves dos Santos, que na época tinham 16 e 34 anos, foram atacados e mortos enquanto trabalhavam em uma plantação de milho. A emboscada também feriu José Ferreira da Silva. Outros trabalhadores que estavam no local conseguiram fugir.
A área onde ocorreram os assassinatos foi ocupada em abril de 1997. Três mil famílias se alojaram no local, que seria área adquirida por meio de ações de grilagem pela empresa Giacomet Marondin (atual Araupel). Os acusados eram funcionários da empresa, que apontou as mortes como resultado de uma briga entre os funcionários e caçadores da região.
A acusação feita pelo Ministério Público aponta que os assassinatos ocorreram em retaliação à ocupação de terras. A denúncia será assessorada por Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado ligado à causas humanitárias. O júri já foi cancelado e adiado por oito vezes.
De acordo com a organização não governamental paranaense, Terra de Direitos, os assassinatos ocorreram no mesmo dia em que o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, assinou o decreto de desapropriação de pouco mais de 16 mil dos 87 mil hectares da fazenda. Hoje, grande da área foi retomada pela União em ações judiciais que reconheceram irregularidades nos registros imobiliários, e foram transformados em assentamentos rurais".
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