sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Contra o racismo, trabalhadores param fábrica de móveis Rubi (Fonte: CUT)

"Escrito por: Leonardo Severo
Além da solidariedade dos 40 operários da fábrica de Indústria e Comércio de Móveis Rubi, dezenas de dirigentes dos mais variados sindicatos e centrais realizaram nesta quarta-feira (24) manifestação de desagravo a Domingos Alves da Costa, dirigente do Sindicato da Construção e do Mobiliário de Barueri e Região, que levou um cuspe no rosto do dono da empresa, “seu Edício”, que ainda o chamou de “preto nojento”.
 
Em “repúdio à ação criminosa, à agressão moral e física”, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Barueri e Região registrou Boletim de Ocorrência na delegacia de polícia e entrou com queixa crime no Foro de Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, onde está localizado o estabelecimento  
 
Nesta manhã, representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom), dos Sindicatos da Construção e do Mobiliário de Guarulhos e Suzano, dos Marceneiros de São Paulo, dos Metalúrgicos, Gráficos, Químicos, Comerciários, de Cargas e de Trabalhadores em Concessionárias de Osasco, de Derivados em Petróleo e Ferroviários de São Paulo protestaram em frente à Rubi, na rua Mato Grosso, bairro Jardim Diva em Santana de Parnaíba, 868.
 
Histórico da agressão

Domingos estava na portaria, do lado de fora da empresa, comunicando os companheiros sobre a conquista da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de R$ 300,00, que começará a ser paga este ano junto com o 13º salário. Foi quando “seu” Edício achou que aquilo estava demais e partiu para a agressão.

Conforme Angelo Luiz Angelini, presidente do Sindicato e diretor financeiro da Federação Solidária do Ramo da Construção no Estado de São Paulo, ”o dono da Rubi transferiu a empresa da capital, onde a organização sindical é muito fraca, e não esperava encontrar resistência aos abusos. Estava acostumado a destratar os funcionários no local de trabalho, escuro e sem ventilação, largados com chinelo e bermuda”.

De acordo com a secretária de Combate ao Racismo, Maria Júlia Reis Nogueira, “racismo é crime e cabe à Justiça punir o ocorrido de forma exemplar”. “Além de manifestarmos o nosso mais veemente repúdio a tais comportamentos que remetem ao passado de escravidão, cabe lembrar que brancos e negros são iguais perante a lei. Agora, cabe a nós ampliarmos a ação sindical em solidariedade ao trabalhador agredido, pois a CUT não compactua com nenhum tipo de discriminação de cor, credo religioso ou opção sindical”, destacou Júlia.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Conticom/CUT), Vilmar Kanzler, frisou que a entidade vai acompanhar de perto o processo na Justiça, pois “a impunidade é inadmissível, ainda mais em um crime desta envergadura”. Do ponto de vista da ação sindical, enfatizou, “mobilizaremos nossos Sindicatos e Federações em todo o país para que repercutam o ocorrido e ampliem a pressão para que este tipo de comportamento escravocrata, de empresários que tratam o trabalhador como coisa e negam mais do que direitos, a sua própria condição humana, sejam uma página virada na nossa história”."

Um comentário:

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