"Representantes da Real Brasil Consultoria, com sede em Campo Grande (MS), protocolaram uma solicitação junto ao Ministério Público Federal (MPF) de Mato Grosso do Sul, à Câmara dos Deputados e ao Ministério de Minas e Energia (MME) para que seja realizada uma investigação sobre o processo de aquisição da Rede Energia. A empresa se diz preocupada com a capacidade financeira da Energisa em assumir o controle da holding.
De acordo com o diretor-presidente da empresa, Fernando Abrahão, especialista no setor elétrico, a preocupação está baseada nas informações contidas nos últimos balanços financeiros da Energisa e vai muito além da Enersul, distribuidora responsável por cerca de 35% do território do Mato Grosso do Sul. "A pergunta é: De onde eles vão tirar recursos para tornar as concessionárias adimplentes?", disse. "Existe um passivo declarado e um passivo que é oculto. Será que a empresa compradora está contando com esses passivos? Outra preocupação é que o grupo não tenha analisado esses passivos e depois a Energisa declare que não tinha conhecimento. Por isso queremos que o Ministério de Minas e Energia assista essa transferência", completou.
A movimento da Real Brasil já começa a surtir efeito. A consultoria conseguiu o apoio do deputado estadual Marquinhos Trad (PMDB) e juntos participarão de uma reunião nesta quarta-feira (23/07), na sede da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para discutir o tema. "Não sou contra a vinda de nenhuma empresa ou grupo. Só estou preocupado em saber quem vai ser a responsável pela Enersul e pelo serviço de distribuição de energia no Mato Grosso do Sul", disse.
Trad afirma que a Energisa é responsável por 3% do sistema elétrico nacional e não tem o comando de nenhuma área com 1 milhão de habitantes, que é o contingente operacional que deverá assumir só no Mato Grosso do Sul. "A Energisa tem experiência no Rio de Janeiro, mas nossa realidade é totalmente diferente, o atendimento é espaçado. Temos muitas fazendas, áreas de quilombolas, áreas de preservação ambiental, pequenos municípios", disse. O deputado citou ainda escândalos recentes envolvendo a Energisa, como o que ficou conhecido na Paraíba como "Máfia do Gato".
Procurado pelo Jornal da Energia, o MPF confirmou que o pedido foi protocolado, mas ainda não havia sido analisado até a noite de segunda-feira (22) desta reportagem. A Energisa também foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta reportagem."
Fonte: Jornal da Energia
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