"Todos os dias, passa um verdadeiro rio pelas torneiras e panelas da dona de casa Marieta Cunha, 62 anos. E não é só a água necessária para o consumo diário dela, do marido, de dois dos três filhos e um dos sete netos que moram com ela em um apartamento em Pernambués. Tem outra conta de água que não chega no final do mês: do volume utilizado para produzir os 2 quilos de feijão ou os 3 quilos de carne que ela cozinha por semana, a alface que vai à mesa a cada dois dias e até as peças de roupas que são lavadas na máquina duas vezes por semana.
"E olhe que aproveito a água da lavagem das roupas para usar no banheiro", explica-se a dona de casa, pensando no alívio da consciência e do bolso.
Para calcular o volume de água envolvido na produção de alimentos e outros produtos industrializados que vão diariamente para as mesas de milhões de Marietas, especialistas em recursos hídricos criaram a chamada Pegada da Água. Também conhecido como água virtual, o indicador serve para medir a quantidade de água consumida pelas pessoas não apenas em sua forma direta (quando Mateus, neto de Marieta, toma banho), mas também de forma indireta (quando o marido da dona de casa, o taxista Manuel, compra uma calça jeans, por exemplo).
A conta final de um simples almoço, por exemplo, pode bater a marca dos 20 mil litros gastos. Achou muito? Só para produzir um quilo de carne, gasta-se 15,5 mil litros. Nessa soma entram desde a água para irrigar o capim que alimenta o boi até o volume médio ingerido por ele até o abate. Quer trocar pelo frango? Prepare-se para consumir 3,9 mil litros..."
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