"O grupo espanhol Telefônica, dono da Vivo, avalia investir em geração de energia no Brasil, o que poderia reduzir em 10%, pelo menos, os seus gastos com eletricidade. A construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), provavelmente em parceria com outros grupos, é uma das alternativas analisadas pela operadora de telefonia, a maior do país.
Segundo Nilmar Seccomandi David, gerente do departamento de gestão de energia da companhia, o projeto de autogeração está ainda fase de estudo e deve ser levado para aprovação da matriz dentro de dois meses.
A entrada nesse setor, contudo, não seria um investimento modesto. A construção de uma pequena central hidrelétrica pode custar até R$ 500 milhões, segundo estimativas do setor.
Possíveis restrições orçamentárias, especialmente nesse momento de incertezas econômicas por que passa a Espanha, podem levar a operadora a adiar o projeto. A Vivo terá ainda um novo desafio pela frente. O grupo espanhol fará grandes investimentos em tecnologia 4G no Brasil, à qual deve dedicar boa parte de seus esforços.
As pesadas despesas com energia elétrica, porém, são um problema para as empresas instaladas no Brasil e que vem se agravando. Uma economia nessa linha de custos traria ganhos significativos para a rentabilidade do grupo.
"A energia está entre os três maiores custos da Telefônica (no mundo)", disse David. A multinacional gasta cerca de € 1,5 bilhão por ano com eletricidade.
Para o projeto de geração, a operadora de telefonia inspirou-se no modelo adotado por outros grupos, como a Votorantim e a Volkswagen, que são grandes consumidores e também atuam na geração de energia no Brasil.
A Telefônica consome 118 megawatts médios no país, que são utilizados em grande parte pelos equipamentos de telecomunicações e torres de transmissão, espalhadas por todo território nacional, e pelos condicionadores de ar para manutenção dos aparelhos.
Desde a crise energética e os riscos de apagão no Brasil em 2001, a operadora espanhola investe na gestão de eletricidade no país, o que já lhe possibilitou uma economia de custos em torno de 15%. Cerca de 25% do total consumido pela operadora é comprado atualmente no mercado livre de energia, a preços mais competitivos. A companhia ainda possui 23% de contratos cativos de energia que podem migrar para o mercado livre, o que deverá ser feito, diz David.
O setor de telecomunicações tenta sensibilizar o governo para receber o mesmo tratamento tributário dado a outros segmentos, em que a energia é considerada um insumo industrial. As empresas, nesse caso, são isentas de pagar ICMS sobre o consumo de energia. Se essa isenção fosse concedida, o projeto de autogeração de energia traria uma economia ainda maior, afirma David. Segundo ele, a redução nos gastos seria de 18%."
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