"Executivos de grandes empresas elétricas brasileiras demonstraram ontem preocupação com a estratégia, em estudo pelo governo, de reduzir o custo da energia do país por meio da retirada dos reajustes anuais das tarifas com base nos índices de inflação, no processo de renovação das concessões que expiram a partir de 2015. Representantes de AES, Cemig e CPFL temem que a medida trave novos investimentos no setor, às vésperas de grandes eventos no país, como a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016.
"Essa é uma discussão que transcende o setor elétrico. Envolve a economia como um todo. Não basta só desindexar tarifas, porque esse filme já vimos antes. É o primeiro passo para a inadimplência generalizada", disse o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, durante o Rio Investors Day, evento promovido pela Prefeitura do Rio de Janeiro, que reúne presidentes e diretores financeiros das principais empresas de capital aberto. "Se a distribuidora for afetada financeiramente, ela afeta toda a cadeia", completou.
A proposta de desindexar as tarifas de energia elétrica, a partir da renovação das concessões, foi levantada pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega. Nas últimas semanas, o governo federal vem sinalizando ao setor produtivo que estuda medidas para reduzir o custo da energia, para aumentar a competitividade da indústria brasileira e estimular o crescimento econômico do país.
O presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Jr., também alertou para a rigidez do terceiro ciclo de revisões tarifárias, cujas regras restringem os ganhos das distribuidoras. Segundo ele, o processo vai reduzir de 15% a 20% as margens da área de distribuição da companhia, que possui oito distribuidoras. A medida também causará uma queda de 9% das margens totais do grupo.
O presidente da AES Brasil, Britaldo Soares, afirmou que a redução do custo de energia não pode ocorrer unicamente no segmento de distribuição. Segundo ele, a participação do segmento na formação da tarifa de energia vem caindo gradativamente. Neste terceiro ciclo de revisões, a parcela da distribuidora na composição da tarifa cairá de 21% para 16%, no caso da AES Eletropaulo."
Extraído de http://www.valor.com.br/empresas/2669556/proposta-do-governo-de-reducao-na-tarifa-preocupa-eletricas
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