O Globo - 11/05/2012
Com queda nas vendas de veículos, sindicato quer crédito para montadoras evitarem novas férias coletivas e demissões
A queda nas vendas de veículos nos primeiros quatro meses do ano está levando a um movimento de ajustes no ritmo de produção das montadoras. Férias coletivas, redução nas jornadas semanais e a suspensão do trabalho extra aos sábados são expedientes que vêm sendo adotados pelos fabricantes na tentativa de diminuir seus estoques. No fim de abril, havia 366 mil unidades nos pátios de fábricas e concessionárias, o equivalente a 43 dias de vendas. Trata-se do maior patamar desde novembro de 2008, auge da crise financeira internacional, segundo a Anfavea, entidade que reúne as montadoras. Temendo que o cenário se agrave e caminhe para uma onda de demissões mais adiante, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC enviou ontem pedido de audiência ao ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Os trabalhadores querem discutir ações de estímulo ao crédito para a venda de veículos, que caíram principalmente por causa da reação dos bancos à alta da inadimplência.
- O quadro atual exige medidas urgentes para que haja a retomada da produção, das vendas e a preservação dos empregos - disse Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
De janeiro a abril, foi comercializado 1,08 milhão de automóveis no país, 3,4% menos do que nos quatro primeiros meses de 2011. A produção encolheu mais, 10,1%.
Com o esfriamento do mercado, a Volkswagen começou a ajustar a produção em sua maior unidade, de São Bernardo do Campo, há duas semanas. A empresa adotou a semana de quatro dias e cortou dois sábados extras que já estavam programados. Também está utilizando o banco de horas para enfrentar os altos e baixo da produção. Na unidade de São José dos Pinhais, no Paraná, a montadora alemã já comunicou ao sindicato local que se não houver uma recuperação das vendas poderá adotar férias coletivas e até demitir pessoal. A unidade emprega 3,5 mil pessoas.
- O volume maior de carros no pátio da fábrica está pressionando a empresa - disse Jamil D"Ávila, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba e região.
Na fábrica da General Motors (GM) em São José dos Campos, o ritmo de produção não foi alterado, mas, desde que as vendas começaram a cair com mais força nos últimos meses, os rumores de que a empresa poderia demitir 1.500 trabalhadores têm deixado o sindicato local em alerta. A unidade emprega oito mil funcionários.
Também na pauta, preço menor para novo diesel
Na Fiat, em Betim (MG), as conversas com o sindicato também já começaram. Inicialmente, a empresa trabalha com a possibilidade de deixar em casa por 30 dias cerca 2.000 dos seus 18.000 empregados. O Sindicato dos Metalúrgicos, porém, acredita que um número maior de trabalhadores deve ser colocado em férias coletivas.
- Como tem muito carro no pátio, um número maior de trabalhadores pode ter que parar - diz João Alves de Almeida, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim.
Os negócios no segmento de caminhões, que bateu todos os recordes de vendas no ano passado, também sofrem com a entrada em vigor, em 1 de janeiro, da fase 7 do Programa de Controle de Poluição, que determinou mudanças na tecnologia dos motores para reduzir a emissão de poluentes. O novo diesel (S-50, com menos enxofre) também custa mais caro, e as transportadoras reclamam da distribuição do produto, que não é encontrado em todos os postos do país. Resultado: parte das vendas deste ano é de modelos 2011 que a indústria tinha em estoque, o que explica a queda de 30% na produção nos quatro primeiros meses do ano, enquanto as vendas recuaram 9%.
Em abril, a Volvo concedeu férias coletivas na sua fábrica de Curitiba (PR). Na última terça-feira, a unidade de caminhões da Ford em São Bernardo do Campo suspendeu a produção, e suas linhas de montagem só voltam a funcionar na semana que vem. Na Mercedes, também no ABC, 480 trabalhadores estão em licença remunerada de 30 dias até 4 de junho. A empresa já tinha paralisado a produção por cinco dias em abril, no ABC e na sua unidade de Juiz de Fora (MG).
Por isso, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC também está pedindo uma reunião com a presidente da Petrobras, Graça Foster. O sindicato quer da estatal uma "política específica" para reduzir o preço do novo combustível que custa 15% mais que o diesel comum, além da ampliação da distribuição do produto."
Enviado pelo meu aparelho BlackBerry da Claro
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