''Sem saída para a crítica situação financeira da Celg, distribuidora de energia de Goiás, o governo estadual comandado pelo PSDB decidiu aceitar a operação de salvamento desenhada pelo governo federal. Cerca de R$ 3,5 bilhões serão injetados na empresa com recursos da Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco Nacional de Desenvolvimento e Econômico Social (BNDES).A Eletrobras vai assumir 51% da Celg, ficando responsável pela sua gestão.
A nota técnica com os detalhes da operação, obtida pelo Valor, deverá ser publicada hoje pelo governo do Estado de Goiás. Ela informa que apenas a empresa de distribuição será vendida, mas que a operação deverá facilitar as condições de renovação da concessão e tornar a empresa indutora do desenvolvimento no Estado "com a retomada da capacidade de investimentos no Sistema Elétrico, da ordem de R$ 1,2 bilhão ao longo dos próximos quatro anos". Além disso, a nota informa que ativos regulatórios representados por créditos da Celg Distribuição relativos à subsídios tarifários e outros haveres anteriores ao acordo, estimados em R$ 1,8 bilhão, serão revertidos ao Tesouro estadual.
O modelo do salvamento foi feito ainda na administração anterior, mas altamente criticado pelo novo governo estadual que tentou evitar a operação. O vice-governador que assumiu a presidência do conselho da empresa, José Eliton Figueirêdo Junior, chegou a dizer em entrevista ao Valor no início do ano que o acordo com a Eletrobras se tratava de uma federalização branca e que o governo estadual não iria permitir isso.
A estratégia então adotada foi colocar metade da holding à venda. Não apareceram compradores, pois os interessados queriam o controle. No meio do ano, em uma reunião de governadores do PSDB, chegou-se a discutir a questão e a ideia foi então a de usar as companhias de energia de Minas Gerais (Cemig) ou a do Paraná (Copel) para salvar a de Goiás. As negociações esbarraram na elevada dívida que a companhia tem com a Eletrobras e em dívidas com encargos na Agência Nacional de Energia Elétrica, somando R$ 5,5 bilhões.
O presidente da Cemig, Djalma Morais, disse ontem que chegou a estudar a empresa, mas como havia o acerto de contas entre Celg e Eletrobras achou melhor não fazer parte do negócio. Sem as estatais do PSDB, caberá agora à estatal federal Eletrobras a tentativa de salvamento da empresa. O aporte de R$ 3,5 bilhões que será feito por meio de um empréstimo via Tesouro Estadual deve regularizar a situação da companhia na Aneel. Com isso, a empresa recupera receita, mas os consumidores do Estado vão sentir no bolso o impacto. O reajuste será superior a 30%.
Ontem, a Eletrobras comunicou a assinatura do protocolo de intenções, mas informou que ainda falta uma série de aprovações. De qualquer forma, alguns analistas e investidores duvidam da capacidade de gestão da empresa de resolver tão prontamente, ou pelo menos até o vencimento das concessões em 2015, os problemas da Celg. Essa avaliação é feita com base no fato de a Eletrobras sequer ter resolvido a situação de seis distribuidoras federalizadas sob sua administração, que estão com um passivo a descoberto de quase R$ 1 bilhão. (Colaborou Marcos de Moura e Souza, de Belo Horizonte)''
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