"O presidente das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), Antonio Gavazzoni, não teme o impacto do terceiro ciclo de revisão tarifária definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nos resultados da companhia. Apesar de a estatal catarinense ser pontada como uma das distribuidoras que poderia enfrentar problemas a partir da revisão das regras de remuneração, o presidente acredita que o modelo que valoriza a qualidade do serviço irá favorecer o desempenho da distribuidora.
"Pela primeira vez, a Aneel está dando importância para a qualidade do serviço prestado. E isso faz toda a diferença para a gente", disse Gavazzoni ao Valor. O presidente destaca os bons números de duração equivalente de interrupção por unidade consumidora (DEC) e frequência equivalente de interrupção por unidade consumidora (FEC) alcançados pela Celesc nos últimos anos como indicadores que evidenciam essa tendência.
Segundo a Aneel, a DEC da Celesc em 2010 foi de 13,53 horas. Já a FEC, no ano passado, foi de 10,22. No mesmo período, a média nacional para DEC foi de 18,4 horas e de FEC, de 11,35. Isso significa que a companhia catarinense teve menos quedas de energia por unidade atendida e os consumidores ficaram menos tempo sem o serviço do que a média nacional.
Em comparação com duas outras empresas da região Sul - no Paraná e Rio Grande do Sul -, os índices da Celesc são superiores aos da Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul (CEEE). Segundo a Aneel, os índices da companhia gaúcha, em 2010, foram de 21,63 horas na DEC e 15,03 horas, na FEC. A Companhia Paranaense de Energia (Copel) teve um desempenho superior no ano passado: DEC de 11,46 horas e FEC de 9,46 horas.
"A Celesc sempre foi uma excelente distribuidora penalizada pelos custos altos de manutenção e investimento", diz Gavazzoni. Agora, o presidente avalia que a qualidade de serviço que a empresa presta poderá ajudá-la no desempenho financeiro.
Apesar do otimismo, a distribuidora catarinense já contabiliza os valores que deixarão de ser revertidos para o caixa da companhia em função das alterações do terceiro ciclo, entre elas a redução da taxa de remuneração do capital investido pelas distribuidoras de 9,95% para 7,5%. Segundo o presidente, no pior dos cenários desenhados, a Celesc deixaria de ganhar R$ 60 milhões por ano, em função da alteração.
A revisão da Celesc está prevista para o período entre agosto e setembro do próximo ano. Portanto, os impactos serão sentidos apenas no último semestre de 2012.
Segundo Gavazzoni, até lá a Celesc terá equacionado algumas questões de custos que ainda precisam ser melhoradas. Pelo sistema da empresa de referência, que será extinto com a recente revisão da Aneel, os gastos com pessoal estavam certa de R$ 200 milhões acima do limite idealizado pela agência.
O presidente, que assumiu o posto em janeiro, diz que ainda há questões de custo a serem atacadas. Um novo programa de demissões incentivadas deverá ser apresentado ao conselho de administração na próxima reunião ordinária. Segundo Gavazzoni, diferente de outros planos que acabaram questionados inclusive pela Justiça do Trabalho, este deverá ser oferecido apenas aos funcionários com muito tempo de casa e próximos da aposentadoria. O presidente quer ainda enxugar as estruturas da estatal no interior do Estado, concentrando as atividades burocráticas e administrativas na capital e deixando uma equipe voltada para o atendimento ao consumidor final de manutenção nas regionais.
No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o lucro líquido da Celesc cresceu 39,9% em comparação com o ano passado - atingindo R$ 245,8 milhões. A receita operacional líquida no período foi de R$ 3 bilhões - crescimento de 5% sobre o mesmo período de 2010. A empresa conseguiu avançar nos índices de rentabilidade, alcançando uma margem líquida de 8%, com dois pontos percentuais acima do ano passado."
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