terça-feira, 30 de agosto de 2011

Centrais criticam superavit (Fonte: Correio Braziliense)

"Após se reunirem com Dilma, sindicalistas condenam a estratégia de cortes de gastos e defendem redução urgente na taxa de juros
Representantes das centrais sindicais não estão nada satisfeitos com o novo arrocho fiscal promovido pelo governo. Depois de reunião com a presidente Dilma Rousseff na manhã de ontem, eles criticaram a estratégia da equipe econômica de cortar gastos e aumentar o superavit primário (economia para o pagamento de juros da dívida) em R$ 10 bilhões, a fim de enfrentar os desdobramentos da crise mundial. Os sindicalistas defenderam que, se quiser mesmo se proteger, o país precisa reduzir a taxa básica (Selic), hoje em 12,50% ao ano, e fortalecer o mercado interno.
Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), disse que, se a Selic for reduzida, o governo vai contribuir para o aquecimento das fábricas. "O país está sofrendo um processo de desindustrialização por causa do real supervalorizado frente ao dólar.
A entrada de importados tira a nossa competitividade", afirmou. Para ele, o encontro com a presidente foi um "desastre". "O país vai economizar, mas não vai investir em produção. A notícia foi uma grande decepção para nós", reclamou.
Especulação
A Força Sindical ressaltou que, embora a presidente tenha deixado claro que quer enfrentar as turbulências internacionais sem prejudicar os trabalhadores e a sociedade, as categorias devem continuar mobilizadas. O deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da entidade, observou que o governo sinalizou que pretende fazer mais do que aumentar a meta do superavit primário. "Ela (Dilma) falou em medidas, no plural. Eu acredito que irá defender também a redução da taxa de juros", comentou o sindicalista.
O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil
(CGTB), Antonio Neto, argumentou que, como a arrecadação do governo tem aumentado, o gasto público não precisa baixar. "O problema da economia nacional são os juros estratosféricos que favorecem a especulação financeira e penalizam a produção", afirmou . Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), também discorda do aumento do superavit. "A presidente acha que as medidas criam as condições para diminuir as taxas de juros e achamos que, se não houver mobilização, a taxa não cai", disse, por meio de nota.
Reajuste a professores
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) assinou um acordo emergencial que garante reajuste de 4% sobre o vencimento básico e a retribuição por titulação (RT) a partir de março de 2012. No texto, a ser enviado pelo Ministério do Planejamento ao Congresso Nacional até amanhã, tanto docentes do magistério superior quanto do ensino básico, técnico e tecnológico devem ser contemplados. A proposta prevê aumentos que variam de 8% a 15%, conforme a situação do profissional na carreira. Um professor titular com doutorado em regime de 20 horas de trabalho semanal passará a receber R$ 3.622,08, em vez de R$ 3.482,77. Para os que têm dedicação exclusiva, o salário aumentará de R$ 11.755,05 para R$ 12.225,25. Mas a medida não agradou a todos. Na Universidade de Brasília (UnB), os professores consideram que o reajuste nem sequer vai repor a inflação."

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