"A concentração de investimentos no setor de petróleo e gás e os gargalos na mão de obra qualificada para essa indústria estão tornando os salários e benefícios mais inventivos. Para funcionários da média e alta gerências, por exemplo, existem oferta de compra de ações e a possibilidade de usar casas de campo na serra fluminense e em balneários como Búzios e Angra dos Reis nos fins de semana.
A Petrobras não tem como se defender disso, mas é notório no mercado que existe uma preocupação das outras companhias - especialmente aquelas que têm negócios com a estatal - em não aborrecer a empresa-mãe. "As empresas têm medo de tirar gente e criar uma situação desconfortável com a Petrobras. Isso não seria bom para os negócios delas", resume um executivo de alto escalão em uma subsidiária.
Fabio Porto d"Ave, especialista em recrutamento da área de petróleo e gás da Robert Half, diz que prefere "nem abordar" funcionários da Petrobras quando precisa preencher cargos de nível médio. Segundo ele, apesar de não ser a que paga mais, a estatal oferece estabilidade, oportunidades de aprendizado e salários similares aos das companhias internacionais. "A maioria não deixa a empresa."
Com o aquecimento do mercado, as companhias também estão trazendo pessoal de fora. Há, inclusive, diferentes tratamentos para os expatriados. Nesses casos, o pacote de benefícios é negociado no país de origem e pode incluir moradia, motoristas e escola para os filhos. "As empresas brasileiras estão abrindo os cofres para trazer profissionais que julgam ser determinantes para os seus projetos", afirma d"Ave.
A BG é um exemplo de como os regalos estão aumentando. A britânica tem uma lista de 11 benefícios para seus funcionários que se aplica a todos os níveis. Alguns são comuns como planos de saúde e odontológico, seguro de vida em grupo e cartão alimentação/refeição. Outros nem tanto, como o pagamento de até 80% do valor dos cursos de MBA, pós-graduação, graduação e idiomas. A empresa também auxilia com combustível ou estacionamento e vale-presente de aniversário e Natal.
Adicionalmente, a organização oferece a seus executivos carro com as despesas custeadas, bônus no programa de participação nos lucros e resultados (PLR) e um plano de ações. A diretora de RH da BG Brasil, Raquel Couri, informa que o bônus anual dos executivos é atrelado ao desempenho e que a companhia não paga 14º salário.
Já os funcionários da Petrobras, no país e no exterior, possuem um plano de desenvolvimento de recursos humanos e podem realizar, por meio da Universidade Petrobras, cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado nas principais instituições do mundo, além de participar de encontros técnicos no Brasil ou no exterior. A companhia define os conhecimentos necessários à determinada área para atingir a meta que lhe foi atribuída. Se identificada a necessidade de aprimorar conhecimentos e a ausência de instituições no Brasil que ofereçam o curso apropriado, um empregado é escolhido para se capacitar neste tema em alguma instituição no exterior.
As empresas do setor tratam de forma diferenciada questões relacionadas à confidencialidade das informações e período de silêncio no caso de saída de um executivo de alto escalão. A Petrobras, por exemplo, não tem regra a esse respeito. Já a Statoil explicou que um período de quarentena pode ser negociado, evitando assim que seus profissionais ocupem posições nos concorrentes. "Pode ser solicitada a assinatura de um termo de confidencialidade no período em que a pessoa faz parte do quadro", informa a norueguesa.
Na BG, a quarentena depende do nível de exposição do executivo a informações confidenciais. A OGX, por sua vez, informa que os contratos variam em função dos cargos e da negociação feita na entrada do colaborador. "Alguns contratos preveem cláusula de confidencialidade, de não concorrência e conferem à companhia a opção de solicitar o cumprimento de quarentena", informa."
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