“Autor(es): agência o globo: Chico Otavio e Alessandra Duarte |
Na noite de 30 de abril de 1981, Mauro César Pimentel esqueceu a carteira no Fusca do amigo que o acompanhava no Riocentro. Foi buscar, e, na volta, passou pelo Puma que tinha ficado estacionado na frente do Fusca. Viu então o homem no banco do carona do Puma mexer numa espécie de cilindro que estava em seu colo. No banco de trás do carro, mais dois cilindros iguais ao da frente. Mauro foi até onde tinha ficado seu amigo - e ouviram uma explosão, tão próxima a ponto de eles terem que se jogar no chão. Tinha acabado de passar para a História a bomba do Riocentro, que matou o sargento Guilherme Pereira do Rosário - o homem no banco do carona que Mauro viu manusear o cilindro - e vitimou o capitão Wilson Machado, numa ação de insatisfeitos da direita com a então abertura política no país. Mais tarde, diz Mauro, os cilindros do banco de trás sumiram. Na época, a imprensa chegou a publicar informações de que teria havido duas outras bombas dentro do Puma, que teriam sido desativadas por peritos no local. Hoje corretor de imóveis, com 49 anos, Mauro Pimentel nunca havia contado sobre o que testemunhara. Resolveu falar após ver as reportagens publicadas pelo GLOBO anteontem e ontem revelando a existência de uma agenda de telefones de Guilherme do Rosário com nomes de integrantes dos meios militar e policial. - Na época, eu tinha acabado de cumprir o serviço militar obrigatório e estava indo para a Polícia Militar. Até cheguei a comentar com um sargento do Exército do qual eu era mais próximo, e ele disse: "Se você quer seguir com a sua vida, nunca fale isso com ninguém". Nunca tinha falado nada nem para a minha mulher. Mas, agora, percebi que já se passou tempo suficiente, que eu podia falar sem que minha vida fosse prejudicada por causa disso - conta Mauro, que foi da PM de 1982 a 1996, quando pediu baixa para ir trabalhar como gerente de segurança em empresas da iniciativa privada. Outros 2 cilindros sumiram do Puma Mauro Pimentel tinha ido ao show no Riocentro com uma amiga e o amigo dono do Fusca - o veículo ficou famoso, pois aparece sempre atrás do Puma destroçado nas fotos tiradas após a explosão. - Quando chegamos para estacionar, o Puma estava parado atravessado no meio do estacionamento, e a gente teve que contorná-lo para conseguir parar numa vaga atrás. Quando passamos por ele pela primeira vez, fiquei olhando o Puma, porque era, na época, um sonho de todo jovem. O homem no carona, então, deve ter ficado incomodado, porque aí me olhou. Eu então disse: "Bonito, o carro!" Depois que passaram pelo Puma, Mauro lembrou que tinha deixado a carteira no Fusca, e voltou para buscar. Foi quando, ao passar pela segunda vez pelo Puma, viu os cilindros: - O homem no carona estava com um objeto cilíndrico, semelhante a um extintor, mas que não era extintor. Ele fazia um movimento como se estivesse rosqueando algo nesse cilindro. Como o Puma era um carro baixo, deu para ver que no banco de trás havia dois cilindros iguais ao outro. Quando cheguei até onde meus amigos estavam, a gente ouviu uma explosão. Olhei para trás e vi pedaços de fibra do carro. Ao se aproximarem do Puma, Mauro e o amigo viram, então, o capitão Wilson Machado sair do carro "gritando de dor". Foram socorrê-lo: - Pegamos a carteira dele para ver a identidade, e vimos que era militar. Fomos então pedir socorro. Quando voltamos, já tinha se formado uma confusão, e esse homem que tínhamos socorrido havia sumido, só estava a carteira dele em cima do Puma. Agora, os dois cilindros no banco de trás do carro também tinham sumido.” Cadastre-se para receber a newsletter da Advocacia Garcez em nosso site: http://www.advocaciagarcez.adv.br |
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terça-feira, 26 de abril de 2011
Riocentro: “Após 30 anos, nova testemunha” (Fonte: O Globo)
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