terça-feira, 25 de janeiro de 2011

"'Estamos frustrados com a relutância do Brasil'" (Fonte: O Globo)


"Autor(es): Agência o globo : Fernanda Godoy e Evandro Éboli


NOVA YORK e BRASÍLIA. O Brasil tem desempenhado um papel frustrante na promoção dos direitos humanos em escala global, na avaliação da Human Rights Watch, que afirma que o país também enfrenta "importantes desafios" internos nesse terreno. O vice-diretor da HRW para as Américas, Daniel Wilkinson, disse que o Brasil tem ficado aquém das expectativas, agindo com relutância e hesitação em relação a países como o Irã, sacrificando uma postura de defesa dos direitos humanos em nome de fortalecer as relações Sul-Sul.

- Nós temos sido frustrados pela relutância do Brasil, no passado, em apoiar os esforços para promover os direitos humanos ao redor do mundo. Temos esperança de que o novo governo se moverá em uma nova direção, porque o Brasil poderia ter um papel muito importante e construtivo - disse.

Em relação a assuntos internos, as críticas tratam de abusos e tortura praticados pela polícia, da situação das penitenciárias, do domínio de comunidades por traficantes e milícias, de trabalho forçado e de violência no campo. O texto cita a instalação das UPPs nas favelas cariocas, ressalvando que "no entanto, o Estado ainda não tomou as medidas adequadas para assegurar que os policiais que cometam abusos sejam responsabilizados". A Human Rights Watch critica ainda "invasões em clínicas de planejamento familiar e repressão agressiva ao aborto".

A organização também condena o fato de que o "Brasil nunca processou os responsáveis pelas atrocidades cometidas" da ditadura.

A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, disse que o governo não desconhece e nem nega o conteúdo do relatório. Mas afirmou que medidas estão sendo adotadas como, por exemplo, investimentos na formação do policial.

A ministra comentou as citações no relatório de "repressão agressiva ao aborto" e de que o Brasil nunca processou os responsáveis por violações na ditadura militar.

- O Ministério da Saúde tem se esforçado para tratar o aborto como questão de saúde pública - disse. - E a resposta para a questão da ditadura é nosso empenho pela aprovação da Comissão Nacional da Verdade no Congresso."


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