"Autor(es): Gabriel Caprioli | |
“A soma dos desembolsos foi recorde, mas além do número é preciso avaliar o que está por trás dele. O ponto principal é que a participação das micro, pequenas e médias empresas no financiamento saiu de 18% para 27%”, ponderou o técnico do BNDES Gabriel Visconti. No ano passado, esse segmento recebeu R$ 45,7 bilhões em recursos, resultado obtido em função do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). A ação, lançada em julho de 2009 e com vigência prevista até março deste ano, proporcionou taxas de juros e condições mais amigáveis para financiamentos voltados, principalmente, à compra de máquinas e equipamentos. Na visão de Leonardo dos Santos, economista da agência de classificação de risco Austing Ratings, “o BNDES teve papel importante para as empresas de pequeno e médio porte, principalmente na época da crise, quando as linhas de crédito do setor privado secaram”. Para ele, a atuação do banco foi positiva porque, além de garantir o fluxo de recursos para uma parcela mais ampla do setor produtivo, permitiu o crescimento de segmentos específicos. “Foi uma aposta em empresas que tinham, por exemplo, um enorme potencial de internacionalização. É uma política natural de canalização de recursos”, afirmou. Apesar de garantir recursos para investimentos, a eficiência da postura expansionista é contestada por parte do mercado. “Com a quantidade de dívida que o governo emitiu em 2009 e 2010 para reforçar o caixa do BNDES, era esperado que os desembolsos subissem muito, incluindo as pequenas e médias. Mas a pouca eficiência disso nós vemos na taxa de formação bruta de capital fixo (investimento) que não passa ainda dos 19% do Produto Interno Bruto (PIB)”, afirmou Felipe Salto, da consultoria Tendências. Para ele, a promessa de elevar a taxa de investimento para 24% do PIB até o fim do mandato não será cumprida, caso o governo continue confiando no banco como única fonte de fomento. “Se a instituição permanecer com esse tamanho (de caixa), quem vai ter que sustentar esse peso é o setor público”, completou. A avaliação de Salto é baseada no fato de que as emissões que capitalizaram o BNDES elevam a dívida bruta do país. A disposição demonstrada pelo governo, porém, é de reduzir o papel do BNDES no total de crédito concedido na economia. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou, no início de dezembro, medidas de incentivo ao financiamento de longo prazo pelos bancos privados. Entre as iniciativas, está a isenção de Imposto de Renda (IR) para a emissão de debêntures (papéis de instituições privadas) voltadas ao financiamento de projetos de infraestrutura. “Ainda não há um volume fechado, mas não há dúvida que nesse aspecto, vale a palavra do presidente do BNDES (Luciano Coutinho). A intenção é aumentar a participação do setor privado para que o ritmo de crescimento dos investimentos seja mantido no longo prazo”, ressaltou Visconti. O banco caminha na direção correta, avalia Salto. “Ele é importante e precisa existir, mas para fomentar projetos e segmentos estratégicos e não administrar um bolo de crédito gigantesco”, afirmou. Depois da indústria, o setor que mais recebeu recursos foi o de infraestrutura, com R$ 52,4 bilhões em liberações e crescimento de 31%. Nessa rubrica, os projetos na área de transporte rodoviário e energia elétrica foram os maiores beneficiados, com R$ 25,9 bilhões e R$ 13,6 bilhões, respectivamente. Justificativa No período pós-crise, o Tesouro Nacional emitiu diretamente R$ 180 bilhões (R$ 100 bilhões em 2009 e o restante no início de 2010) em títulos da dívida pública com o objetivo de reforçar o caixa do BNDES. A justificativa era suprir a escassez de crédito que as grandes empresas enfrentavam no mercado doméstico e externo e contra a qual lutavam as pequenas companhias nos bancos privados médios. Caixa forte Desembolsos por segmento econômico em 2010 e crescimento em relação a 2009 Setor - Financiamentos Variação (Em R$ bilhões) (Em %) » Indústria 78,8 / 47 » Infraestrutura 52,4 / 31 » Comércio e Serviços 27,1 / 16 » Agropecuária 10,1 / |
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011
"Desembolso recorde" (Fonte: Correio Braziliense)
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