"Autor(es): Bettina Barros | De São Paulo |
Valor Econômico - 06/01/2011 |
Apesar dos avanços dos últimos anos na indústria sucroalcooleira, a situação para os trabalhadores nos canaviais continua a mesma: ruim. Essa é a constatação da Vigilância Sanitária de São Paulo, após um período de dois anos de visitas a usinas, lavouras e alojamentos seguidas de denúncias sobre as condições de trabalho desses profissionais. O setor negou as acusações. Segundo o órgão, as infrações mais comuns no setor dizem respeito à qualidade dos alojamentos - foram encontrados banheiros sem chuveiro ou com canos de água fria para banho e superlotação nos quartos - e dos alimentos e água consumidos.Essas mesmas acusações fazem parte também do repertório dos fiscais do Ministério do Trabalho e da Procuradoria do Trabalho e espelham a realidade do Brasil como um todo. Conforme o Valorinformou, em outubro passado, praticamente todas as autuações dos auditores referem-se a trabalho degradante - conjunto de ações que caracterizam condições impróprias ou humilhantes ao trabalhador. Até outubro de 2010, quase 2.500 autos de infração haviam sido autuados no campo brasileiro. Para a diretora da Vigilância Sanitária paulista, Maria Cristina Megid, a situação é preocupante nos canaviais dado o número de denúncias que ocorrem e motivaram a fiscalização. O fornecimento de água potável, um direito garantido ao trabalhador, é um " grande gargalo", diz ela. "Vimos reservatórios sujos, e 40% das amostras de água não atendiam às exigências de qualidade". Muitos cortadores de cana tampouco desfrutam de um descanso térmico - uma sombra para descansar - e comem comida estragada ou azedada pelo sol, já que não recebem condições de armazenar a alimentação na lavoura. "Eles comem porque é isso que eles têm", diz Maria Cristina. O órgão vistoriou 148 das 198 usinas sucroalcooleiras do Estado e realizou 102 autuações. Das 29 usinas de Ribeirão Preto, 21 foram autuadas. Em Araçatuba, isso ocorreu em 18 de 20 usinas. A Vigilância Sanitária afirmou que pretende elaborar normas específicas, por exemplo, sobre a lógica de distribuição de água e alimento nas frentes de trabalho. Em nota, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) afirmou que há erros e conclusões equivocadas do órgão, "distantes tanto da realidade do setor"." |
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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Cana: "Vigilância Sanitária vê situação ruim para trabalhador" (Fonte: Valor Econômico)
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