“Autor(es): Júlia Pitthan | De Florianópolis Valor Econômico - 17/12/2010
Houve greve dos trabalhadores, ameaça de intervenção dos acionistas minoritários, pedido de afastamento de diretor por suspeita de corrupção e turbulentas negociações por aprovação de medidas no conselho de administração da companhia. Este não foi um ano fácil para a Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), controlada pelo governo estadual, que detém 50,1% de suas ações.
Com a mudança no comando estadual, que será governado pelo demista Raimundo Colombo a partir de primeiro de janeiro, a Celesc vai ganhar novo presidente. Antonio Gavazzoni, também do DEM, foi anunciado oficialmente há duas semanas e vem trabalhando na composição de sua equipe.
Advogado e doutorando em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o jovem de 35 anos ganhou notoriedade ao comandar a Secretaria da Fazenda no segundo mandato de Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Ele foi responsável por atender ao pedido do ex-governador e reduzir gastos com o custeio do Estado, entre 2007 e 2008.
Em 2007, foram R$ 170 milhões em cortes em custeio, o que representou uma queda do ritmo de crescimento dos gastos do governo. Em 2005, os custos tinham crescido 35% e 17%, em 2006. Depois ficaram estáveis em 2%. Só em telefonia, conseguiu diminuir as contas em R$ 17,2 milhões, reduzindo o número de celulares de 1,5 mil para 600 e impondo um teto de R$ 100 por conta.
Gavazzoni diz que está empolgado e se sente desafiado. A sua primeira intenção será reagrupar as presidências. Hoje existe o cargo na holding, na geração e na distribuição. "A empresa precisa desta sinergia", justifica.
Para montar a equipe, chamou colegas da Fazenda, todos na faixa dos 30 a 35 anos de idade, o que rendeu ao grupo o apelido de "Menudos". O titular da pasta, Cleverson Siewert, que já foi diretor do Tesouro Estadual assumirá a diretoria Técnica de Distribuição. André Luiz Bazzo, contador de carreira da Fazenda, é indicado para a diretoria de Gestão Corporativa. Na diretoria Financeira fica José Carlos Oneda, ex-secretário de Finanças em Lages, quando Colombo foi prefeito da cidade. André Rezende, também técnico da Fazenda e que teve experiência no mercado financeiro, assume a diretoria de Relações com Investidores.
Gavazzoni diz que a equipe tem perfil técnico e qualificado e afastou a possibilidade de interferências na gestão por parte do governador. "Queremos mostrar resultados em um curto espaço de tempo e modificar a imagem que temos junto aos investidores", disse.
Além dos nomes apresentados pelo novo presidente, o conselho da Celesc aprovou ontem a permanência de Dilson Oliveira Luiz, indicado pelos funcionários, na diretoria Comercial. A Previ, com 33,1% das ações ordinárias, deve indicar o diretor de Planejamento.
No acumulado dos nove primeiros meses do ano, a Receita Líquida totalizou R$ 3,055 bilhões, registrando alta de 13,8% em relação ao mesmo período de 2009. No período, a companhia apresentou lucro líquido de R$ 239 milhões, registrando alta de 135% em relação ao resultado alcançado no mesmo período de 2009.
O primeiro do executivo ataque será aos custeios. O programa de demissão voluntária programado (PDVP) deve ser retomado na primeira semana de janeiro, diz Gavazzoni. O programa teve interesse de 1.617 trabalhadores, mas foi suspenso por decisão do conselho e interferência da Justiça do Trabalho, que questionou sua viabilidade. O custo para o pagamento das rescisões, em um prazo de oito anos, é estimado em R$ 405 milhões. Em 2009, os custos gerenciáveis da Celesc chegaram a R$ 672 milhões. A Aneel prevê custo para a empresa em R$ 500 milhões.
Apesar do compromisso de levar gestão profissional e de resultados para a Celesc, Gavazzoni diz que não há interesse em ampliar a participação privada na companhia. "Não privatizar a Celesc foi um compromisso de campanha assumido pelo governador", diz. Em maio, a Assembleia Legislativa aprovou mudança constitucional que prevê que toda alteração estatutária das sociedades de economia mista com controle do governo de Santa Catarina depende de aprovação dos parlamentares.
Animado com as perspectivas, Gavazzoni rebate a intenção declarada pelo presidente da Companhia Paranaense de Energia (Copel), Rubens Ghilardi, de comprar participação na Celesc. "Nós é que vamos comprar a Copel", diz.”
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