"A notícia de que o governo está pagando mais de 600 mil reais por um show no Palácio do Planalto, enquanto tenta emplacar uma PEC de teto de gastos públicos, é tão absurda que só poderia fazer sentido vindo dessa turma.
No sábado, dia 7, Michel Temer entregará a Ordem do Mérito Cultural a uma série de artistas, iniciativas e instituições.
Um empresa chamada Treco Produções Artísticas — repito: Treco — está abocanhando 596 mil para fazer, segundo o Diário Oficial, “roteiro, direção artística, direção geral, produção artística e apresentações musicais”.
A cerimônia vai homenagear o samba. Neguinho da Beija Flor, autor de “Samba do Triplex”, aquele mesmo que defendeu o patrocínio de um ditador africano a sua escola, vai cantar, juntamente com Márcio Gomes, Áurea Martins e André Lara, que ninguém sabe quem são.
Outros 15 mil servirão para pagar o cachê de Fafá de Belém, que vai como sempre assassinar o Hino Nacional com sua interpretação desafinada e cafona. Ela comete esse crime desde as “Diretas Já”.
Tudo sem licitação.
Michel e Marcela farão as honras da casa com seu carisma e seu brilho. Uma pena enorme que Clóvis Bornay não esteja mais entre nós.
A música popular brasileira tem dezenas de opções de trilha sonora para essa pilantragem. Dezenas. Talvez os versos mais adequados para o momento sejam os de Bezerra da Silva:
O doutor delegado
Grampeou todo mundo
Porque o ladrão
Roubou outro ladrão
É ladrão que não acaba mais
Tem ladrão que não acaba mais
Você vê ladrão
Quando olha pra frente
Você vê ladrão
Quando olha pra trás
Meu amigo Marcelo Santos, porém, sujeito sofisticado, conhecedor de marchinhas, prefere “Máscara Negra”. Nessa distopia bananeira, Temer é Pierrô, Moreira Franco, Arlequim e Marcela, Colombina.
Os mais de mil palhaços no salão somos nós..."
Fonte: DCM
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