"Respira-se um cheiro azedo de fardas, togas e ternos empapados da sofreguidão nervosa que marca as escaladas de demolição do Estado de Direito nos solavancos da História.
Consulte os anos 30 na Alemanha, os 50 do macarthismo norte-americano, os 60 da ditadura brasileira, os 70 do massacre chileno...
Há um clima de dane-se o pudor por parte das elites e da escória que a serve.
Faz parte desses crepúsculos institucionais a perda dos bons modos e a convocação das milícias, enquanto o jornalismo isento finge não ver a curva ascendente do arbítrio.
Com a mesma desenvoltura com que se anistia montanhas de dólares remetidos ao exterior, classifica-se o MST como ‘movimento criminoso’.
Persegue-se e intimida-se estudantes secundaristas com lista de nomes exigindo que se delate endereços de colegas ocupantes ...
Invade-se a bala dependências e movimentos sociais e de metralhadora em punho escolas tomadas por adolescentes que reclamam o direito de opinar sobre a própria educação.
Ensaios da orquestra.
Decibéis crescentes, afiados pelo mesmo diapasão ecoam de diferentes pontos do país.
Só não ouve quem não quer.
Há dinheiro, patrocínio e poder em jogo na incapacidade auditiva para ouvir os gritos da democracia sendo violada na sala ao lado de onde se discute a ‘reconstrução do Brasil’.
A conveniência reflete a insurgência que se esboça.
A resistência ao golpe escapa ao que se supunha ser o alvo isolado e triturado pela centrífuga da Lava Jato..."
Íntegra: Carta Maior
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