"O metalúrgico José Rodolfo de Souza sentia-se tão seguro na empresa onde estava prestes a completar 24 anos de trabalho que até entrou no financiamento de um carro há poucos meses. A surpresa veio no dia 26 de março, ao receber a carta de demissão. Mas ontem, foi a vez de seu empregador surpreender-se. Um mês depois de dispensar 598 trabalhadores na fábrica de São José dos Campos (SP) por considerá-la a menos produtiva do grupo no país, a General Motors deparou-se com uma greve na unidade de Gravataí (RS), uma das mais produtivas. Os trabalhadores pedem equiparação de salários e jornada com São José dos Campos.
As notícias da paralisação na fábrica gaúcha, ontem, provavelmente deixaram José Rodolfo ainda mais confuso em relação aos acontecimentos na empresa onde trabalhava. Ao longo de todo o processo de negociação em São José dos Campos, que culminou com as demissões, a direção da GM seguidas vezes apontou a resistência dos dirigentes sindicais locais, ligados ao PSTU, de negociar flexibilidade em salários e jornadas para justificar sua decisão de reduzir investimentos para a produção de novos carros naquela unidade.
Agora, porém, a montadora enfrenta um paradoxo. Em Gravataí, onde até hoje a empresa não sentia dificuldades para negociar com o sindicato local, ligado à Força Sindical, o quadro mudou no dissídio deste ano. Com data-base em 1º de abril, os metalúrgicos gaúchos cobram o aumento do piso de R$ 1 mil para R$ 1.712, igual ao que é pago na unidade de São José dos Campos e também em São Caetano do Sul (SP), com influência proporcional em toda a grade salarial adotada na fábrica de Gravataí. Querem ainda 12% de aumento para quem recebe acima do piso, abono de R$ 4,5 mil, R$ 12 mil como participação nos resultados e redução da jornada de 42 horas para 40 horas semanais..."
Íntegra: Valor Econômico
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