segunda-feira, 25 de junho de 2012

Água chega, mas miséria continua (Fonte: Correio Braziliense)

Cabrobó (PE) — A vida da família de José Antônio, agricultor e pai de três filhos, retrata bem a realidade das pessoas que hoje têm pouco acesso à água no agreste nordestino. Morando em uma casa de barro, madeira e chão batido, vizinha, literalmente, do Batalhão de Engenharia e Construção do Exército — responsável por obras da transposição do São Francisco em Cabrobó (PE) —, ele lembra das dificuldades do dia a dia sem água encanada. Sua filha, Maria Josean da Silva, de 25 anos, conta que durante a infância a família mudou diversas vezes de endereço. Em praticamente todas as ocasiões, segundo ela, era precisava buscar água em barragens.

 

"Graças a Deus largamos essa vida de carregar balde na cabeça. Não dava nem para lavar roupa, pois a água era muito suja. Agora, a água é limpa e tratada e serve para tudo", diz. Porém, o encanamento que leva água do São Francisco para lugares distantes do interior não é suficiente para gerar riqueza e fazer com que as pessoas deixem a miséria. José Antônio afirma que a luta por um emprego "decente" continua. "Mesmo com a chegada da água, não tem trabalho para a gente. Não adianta ter água se não há emprego. Estamos aqui, prontos para trabalhar, mas não conseguimos nada", lamenta.

 A dona de casa Sirlei de Sousa, mãe de duas crianças, também é vizinha do batalhão do Exército. Ela conta que a água vinda do velho Chico "trouxe vida" para sua rotina, pois foi possível começar a cozinhar alimentos, lavar roupa e tomar banho sem precisar percorrer longas distâncias atrás de açudes, que às vezes têm água barrenta. "Sem água ninguém vive. Para tudo precisamos dela", diz. A água também é fundamental para o trabalho do marido, agricultor, que sustenta a família com o dinheiro que recebe nas fazendas de plantio da região.

O repórter viajou a convite do Exército.

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