sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

As multinacionais na Colômbia atentam contra os direitos sindicais (Fonte: Correio do Brasil)

"- Acriminalização dos movimentos sociais
- Sindicalistacolombiano pede solidariedade internacional ativa
O afãinsaciável das multinacionais na Colômbia por adquirir empresas estatais,controlar territórios e explorar recursos naturais leva a uma crise crescentedos direitos trabalhistas e das garantias sindicais.
Na realidadecolombiana atual, o apoio da comunidade internacional é essencial para”acompanhar e reforçar a vigência dos direitos humanos, trabalhistas esindicais”, enfatiza o dirigente sindical Álvaro Veja, durante sua recenteestadia na Suíça.
Respeitarconvênios da OIT
Veja, denuncioutambém as práticas das multinacionais que, priorizando seus interesseseconômicos, desconhecem a legislação interna e convênios assinados pelo governocolombiano ante a Organização Internacional do Trabalho (OIT), como o 87 e o98, referidos aos direitos de associação e negociação coletiva.
“Queremos quesejam conhecidas, em âmbito internacional, situações que requerem dasolidariedade externa dada a falta de garantias em meu país”, expressou odirigente sindical. Chamado retomado pela organização suíça Solifonds, quereúne uma dezena de sindicatos, associações de cooperação e solidariedade comos povos do Sul, o Partido Socialista Suíço etc. Solifonds convidou aosindicalista sul-americano para participar em atividades públicas em Genebra eem Zurique.
“É essencialdivulgar na Europa a realidade cotidiana das organizações sociais colombianasque sofrem uma enorme pressão em detrimento de seus direitos”, enfatiza YvonneZimmermann, uma das responsáveis por Solifonds.
Duas violênciassuperpostas
Apesar dodiscurso mais político do novo governo encabeçado pelo presidente Juan ManuelSantos e seu vice-presidente, o ex-sindicalista Angelino Garzón, “padecemos umarealidade cotidiana cada vez mais complicada para exercer nossos direitossindicais”, afirma Álvaro Veja.
Veja,engenheiro mecânico, é o presidente da Central Unitária de Trabalhadores daColômbia (CUT), na seccional do Valle del Cauca –com 38 mil afiliados-, uma dasregiões mais importantes do país e mais atingidas pela ação dos distintosatores armados.
Um primeirotipo de violência, explica Veja, é o resultado de uma “política globalantissocial imposta por muitas multinacionais instaladas no país. Desconhecemsistematicamente o direito à sindicalização; fecham empresas nacionais paradesarticular associações gremiais e baixar custos; promovem a criminalização doprotesto social”.
A segundamanifestação, “é a violência social cotidiana em crescimento, produto doaprofundamento da crise econômica e do impacto das políticas oficiais contra ossetores economicamente mais frágeis do país, entre eles os trabalhadores”,explica.
Sobre suaprópria experiência diz: “era trabalhador da multinacional de capitalbrasileiro Gerdau. Fui atingido pelo fechamento arbitrário e posteriorliquidação de sua filial Sidelpa, em 2009”. No processo contra o fechamento docentro produtivo, inicialmente participaram 256 trabalhadores. Porém, devido apressões da multinacional e do Estado, “finalmente, estávamos na luta somentedois, que éramos dirigentes sindicais na empresa”.
Apóscomplicados processos jurídicos e mediações internacionais, os dois delegadossindicais conseguiram obter uma pensão antecipada. “Porém, o mais importante éque a empresa teve que pagar uma indenização reparatória aos sindicatos quedefenderam a causa. Foi uma forma de reconhecer sua arbitrariedade e constituiuuma vitória simbólica, mesmo que limitada, dos direitos trabalhistas”, explica.
Realidadedeteriorada
Mais de 50dirigentes sindicais foram assassinados em 2011 em toda a Colômbia. Quatrodeles na região do Valle del Cauca.
Nos últimosmeses, “dispararam os índices de ameaças contra ativistas e dirigentessindicais em minha região”, explica Veja, que foi vítima de uma intimidação àsua residência no dia 25 de novembro de 2011 e de pressões crescentes nosúltimos três meses.
Trata-se decriminalizar ao movimento sindical, às organizações sociais em geral. Por isso,apesar do discurso oficial do respeito aos direitos humanos, a realidadecotidiana contradiz tal argumento”, enfatiza.
Para respondera tantas pressões, “tentamos articular alianças e apoio mútuo entre ossindicatos, organizações sociais, como a Minga (Mutirão) Indígena, o setor dacultura; o movimento estudantil, que tem se mobilizado fortemente no segundosemestre do ano passado; e algumas comunidades desalojadas de zonasperiféricas”.
Solidariedadecom as mulheres sindicalistas
Minoritáriasnas instâncias de direção dos sindicatos colombianos, as mulheres exigem maioresquotas de participação.
Solifondsapoiou um projeto de seminários de formação para as sindicalistas da CUT Valledel Cauca. Apesar de que, originalmente, previa-se uma centena de inscritas,”finalmente, participaram 130 mulheres de doze sindicatos setoriais”, explicaYvonne Zimmermann, da organização solidária suíça, que ratifica a necessidadede reforçar o apoio aos sindicatos e organizações sociais do paíssul-americano, “para assegurar um exercício real dos direitos sindicais”, àbase de todo direito humano essencial."

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