"A China está diante de sua pior onda de distúrbios trabalhistas desde uma série de greves desvinculadas de comando sindical em fábricas de automóveis japonesas no ano passado. Desta vez, uma queda nos pedidos de exportações levaram fábricas a reduzir os pagamentos dos trabalhadores.
Mais de 10 mil operários em Shenzhen e Dongguan, os principais centros produtores para exportação na província meridional de Guangdong, entraram em greve nos últimos sete dias. Os mais recentes protestos eclodiram na terça-feira numa fábrica taiwanesa de computadores em Shenzhen.
Essa intensificação na agitação trabalhista é provavelmente o ponto mais significativo no movimento desde o verão de 2010, disse Geoffrey Crothall, do China Labour Bulletin (CLB), um grupo de defesa de trabalhadores com sede em Hong Kong.
As greves acontecem em meio aos crescentes temores com a economia mundial, que está sofrendo com a crise da dívida soberana europeia e a fraca recuperação nos EUA. Os temores em relação a economia chinesa também cresceram ontem depois que um índice que reflete a atividade do setor industrial compilado pelo HSBC caiu para níveis não vistos desde março de 2009 (leia texto abaixo). O governador em exercício de Guangdong disse na semana passada que as exportações caíram 9% em outubro em relação ao mês anterior.
Líderes provinciais também estão sendo alvo de protestos generalizados por parte de agricultores devido à ocupação de terras.
Cerca de 5 mil residentes na cidade de Wukan marcharam até os escritórios do governo em protesto pacífico na segunda-feira.
As fábricas estão cortando horas extras de que os trabalhadores dependem para complementar seus modestos salários-base, depois da queda nas encomendas do exterior. Segundo o CLB, o salário-base médio dos trabalhadores no setor de eletrônicos é de cerca de 1.500 yuans (US$ 236) por mês, mas sobe para 2.500 yuans com as horas extras. O salário-base sozinho nunca é suficiente, disse Crothall.
Os protestos na terça vieram na esteira de uma manifestação de manifestação maior, na semana passada, numa fábrica de calçados em Dongguan fornecedora da Nike e da Adidas. Cerca de 7.000 trabalhadores da fábrica taiwanesa, de propriedade de Pou Chen, opuseram-se a um corte nas horas extras e à decisão da empresa de transferir parte da carga de trabalho para outras fábricas no interior da China e para o Vietnã, onde a mão de obra é mais barata.
"Fomos obrigados a retornar à fábrica", disse um operário. "Mas só ficamos sentados lá. Ninguém está operando as máquinas."
O trabalhador, que não quis ser identificado, disse que o governo local assumiu uma posição dura na negociação e tomou partido da gerência da fábrica."
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