SÃO PAULO e BRASÍLIA. Em seu terceiro dia, a greve nacional dos bancários ganhou ontem a adesão de empregados de prédios administrativos, o que afetou as operações financeiras até mesmo nas agências que abriram normalmente. Pelas contas do Sindicato dos Bancários do Rio, mais 107 agências aderiram ao movimento. Com isso, empregados de metade das cerca de 2.000 unidades no estado cruzaram os braços. Segundo o sindicato, no município do Rio, 375 agências fecharam ontem, com 17.725 funcionários em greve, uma adesão de 56%.
Os bancários reivindicam reajuste de 12,8%, sendo 5% de aumento real. Os bancos oferecem 8% (0,56% de aumento real). A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) repetiu em nota ontem que a greve é apenas parcial, mas que causa grandes transtornos à população, especialmente aos aposentados que têm benefícios a receber.
Fenaban acusa sindicalistas de realizarem piquetes
Segundo balanços divulgados tanto pelo sindicato quanto pela federação estadual, que une os 11 sindicatos fluminenses, ontem foram 895 agências paradas no Rio. Esses números incluem seis centros administrativos. "Do ponto de vista da população, as paralisações desses departamentos internos chamam menos a atenção, mas são muito mais importantes para nós, já que atrapalham o funcionamento interno dos bancos", afirma o sindicato em nota.
No Rio, os grevistas farão hoje uma manifestação na Avenida Rio Branco, no Centro. "Teremos o sopão da miséria, com sobremesa de pé de moleque, representando um protesto pela molecagem dos banqueiros, distribuído por um palhaço com pernas de pau, um simbolismo do lucro do bancos, e um palhaço anão, para lembrar o minúsculo salário dos bancários", diz o sindicato na nota. Em São Paulo, haverá uma passeata pelas ruas do Centro, a partir das 15h. Os funcionários dos Correios, que também estão em greve, participarão do ato.
Em São Paulo, Osasco e região, 33.300 bancários aderiram à greve, comprometendo o funcionamento de 844 agências, segundo o sindicato. A paralisação também passou a afetar mais intensamente as operações dos centros administrativos dos principais bancos. Os 21 prédios administrativos de Itaú Unibanco, Santander, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal funcionaram precariamente.
Em Curitiba, a greve também se intensificou nos centros administrativos. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), 7.672 pontos (entre agências e centros administrativos) dos bancos não abriram as portas ontem - 1.424 locais a mais do que o registrado no dia anterior.
Em Niterói, a adesão continua total, segundo o sindicato. Nos 16 municípios que compõem a base do sindicato do Rio, desde o primeiro dia de greve, todas as agências estão fechadas.
Em nota, a Fenaban acusou os sindicalistas de piquetes e disse que permanece disposta a negociar. Segundo a entidade, o país tem ao todo 20 mil agências bancárias. A última rodada de negociação ocorreu na sexta-feira passada.
- A solução não é apresentar propostas sucessivas unilaterais para serem liminarmente rechaçadas, como o foram as duas já apresentadas - disse o diretor de Relações do Trabalho da Fenaban, Magnus Apostólico.
Já a greve dos funcionários dos Correios, que completou ontem 16 dias, já causou à estatal prejuízo de R$320 milhões e um montante de 120 milhões de correspondências e encomendas atrasadas. O comando do movimento encaminhará hoje, às assembleias que serão realizadas em todo o país, a nova proposta da empresa, recomendando manter a paralisação."
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