"Nos últimos dias tenho refletido bastante sobre nossa conjuntura atual. O Golpe, o Estado de Exceção, e o papel que a mídia com setores institucionalizados e corporativos de nosso país como o legislativo e o judiciário tem exercido em toda esse arbítrio criminoso que vem assolando nosso país, escondendo de nós a verdade sobre nossos problemas econômicos e estruturais com os mesmos argumentos que sempre usaram, colocando a corrupção como um pano de fundo para tratar dos efeitos de uma causa que não querem colocar as mãos.
Há alguns anos quando estudei no curso de Mestrado em Educação na UFF a tese sobre a colonialidade e subalternidade nos saberes e conhecimentos da América Latina, pude compreender como essa questão estava plenamente colocada no pensamento intelectual brasileiro e como influenciava a cada um de nós no dia a dia.
Mais do que nunca hoje vejo o quanto é necessário e importante percebermos o quanto isso afeta nosso pensamento, nosso modo de ver as coisas, nossas posições e as nossas ações.
Tudo que temos feito no Brasil tem se baseado em pouco conhecimento e informação sobre os nossos problemas sem os detalhamentos necessários à boa compreensão das causas que os geram e a falta de análise aprofundada dessas causas e de suas possibilidades de solução. Ou seja, nos baseamos nos efeitos que sentimos no dia a dia e combatemos somente os efeitos e não as causas desses problemas.
E isso se dá também atravessado pela influência dos aspectos sócio-culturais nas relações entre as pessoas individualmente e no coletivo. Nos movimentamos nas redes sociais, no trabalho, na política e na nossa vida de relações através de opiniões, posições e tomadas de decisão onde ora nos colocamos ideologicamente como culpados, vítimas, torcedores, opressores, repressores ou nos desvencilhamos dessas posições e vamos viver a vida sem nos incomodar com nada como se o coletivo não existisse.
Não nos damos conta que todas essas formas de pensar e agir são estimuladas por um padrão de pensamento linear e polarizado em crenças limitadoras e subalternizadas ao longo de cinco séculos que vem asfixiando nossas oportunidades de mudar o país e aproveitar melhor nossas riquezas aumentando nosso nível civilizatório..."
Íntegra: Ligia Deslandes
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