"O golpe parlamentar de 2016, idealizado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e operado no Congresso pela parceria entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tinha um propósito claro e definido: afastar o PT do poder, colocar um fantoche na presidência capaz de realizar o "trabalho sujo" com medidas impopulares, como as reformas trabalhista e previdenciária, e depois abrir caminho para a volta de um tucano ao poder, em 2018.
O trem começou a sair dos trilhos quando o PMDB, de Michel Temer, começou a mostrar sua real natureza, ao estilo Sarney, liberando a política do toma-lá-dá-cá e concedendo aumentos generalizados para comprar sua permanência no poder. Além disso, logo depois de ser eleito presidente da Câmara, Rodrigo Maia lançou Temer à sua própria sucessão em 2018 e o mercado financeiro deu sinais de que Henrique Meirelles na presidência pode vir a ser melhor do que qualquer nome do PSDB.
Correndo o risco de se tornar linha auxiliar do PMDB, o PSDB começou a articular o bote contra Temer em duas frentes: na mídia aliada e no Tribunal Superior Eleitoral, onde avança, a passos largos, a ação motiva pelos tucanos que pede a cassação da chapa Dilma-Temer.
Além disso, na noite de ontem, Aécio fez sua primeira crítica aberta ao interino. "Nós queremos apoiar o governo Temer. É um governo de salvação nacional. Mas não é o governo do PSDB. Reconhecemos isso. Mas é um governo que se dispõe a fazer reformas. E elas não podem conviver com esses sinais permanentemente trocados", disse ele, ao questionar os aumentos ao funcionalismo.
Logo Aécio, que durante o período de desestabilização do governo Dilma, apoiou todas as pautas-bomba, como o fim do fator previdenciário, criado por FHC, e o próprio aumento do Judiciário.
A sinalização foi clara: ou Temer desempenha o papel para o qual foi contratado no roteiro do golpe ou será traído pelos aliados, correndo o risco até de ser cassado no TSE..."
Fonte: Brasil247
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