"Depois de receber um aporte que totalizou R$ 330 milhões neste ano, a Triunfo Participações e Investimentos (TPI) continua em busca de mais soluções para aumentar o caixa e reduzir o endividamento para conquistar novos projetos. Mesmo estando no pico histórico de sua alavancagem, a companhia tem interesse no novo leilão de aeroportos - ainda que tenha sua participação restrita a 15% - e se prepara para entrar em um novo segmento de atuação: mobilidade urbana.
A companhia já entregou um estudo com sugestões para a modelagem do metrô de Curitiba (PR) por meio de uma Proposta de Manifestação de Interesse (PMI). De acordo com informações da Prefeitura da capital paranaense, também entregaram propostas empresas como CR Almeida, JMalucelli e a italiana Impregilo. Todas são potenciais interessadas em construir e operar o projeto. A prefeitura analisará as propostas até o fim deste mês e o edital de licitação está previsto para o fim do ano.
Em aeroportos, o Valor apurou com fontes que acompanham a Triunfo que a empresa iniciou conversas para entrar em um dos consórcios que disputarão Galeão (RJ) e Confins (MG), a fim de obter uma fatia do consórcio a ser formado para a disputa. A Triunfo já está no bloco de controle do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).
De acordo com as regras criadas pelo governo, os vencedores do último leilão do setor devem ficar limitados a um percentual de 15% nos consórcios a serem montados para a próxima disputa. A justificativa do Planalto é criar mais competição entre os aeroportos que ficarão sob administração privada.
Em rodovias, a empresa estuda todos os nove lotes de concessão, mas tem especial interesse pela BR-040. Em terminais portuários, já declarou que planeja conquistar a concessão de um terminal de contêineres em Suape (PE). Além disso, quer mais projetos de concessão de energia.
Mas tantos planos de crescimento da Triunfo são considerados arriscados pela agência de classificação de risco Fitch. As maiores preocupações estão relacionadas à agressiva estratégia de crescimento do grupo e às incertezas relativas à geração de caixa de negócios ainda com baixa previsibilidade de resultados, como o Aeroporto de Viracopos, ganho no início do ano passado em parceria com a UTC Participações.
Esse empreendimento, inclusive, foi apontado pela Triunfo na última divulgação de resultados como o responsável pelo prejuízo no segundo trimestre. Segundo a Triunfo, no relatório de divulgação, haveria lucro líquido de R$ 12,9 milhões no segundo trimestre se fosse excluído o efeito do aeroporto - que ainda está em fase de investimentos. Mas a Triunfo registrou prejuízo de R$ 22,5 milhões no período.
O atual programa de investimentos da Triunfo, diz a Fitch, soma R$ 1,2 bilhão nos próximos três anos e será financiado, na maior parte, por novas dívidas nos projetos. Mas a instituição diz que o risco relativo ao endividamento é "contrabalançado por um perfil de dívida apropriado e compatível com a natureza e a expectativa de fluxo de caixa dos investimentos do grupo".
A dívida líquida da Triunfo está hoje em R$ 2,07 bilhões, de acordo com os números apresentados no fim do segundo trimestre. A alavancagem da companhia medida pela relação dívida líquida sobre Ebitda (em 12 meses) está hoje em 4,32 vezes, segundo cálculos da equipe de economistas do Valor Data. Atenta aos números, a Triunfo busca diferentes soluções para ter capital disponível no futuro.
A primeira delas é a venda do segmento de energia. A companhia tem hoje duas hidrelétricas, sendo que uma acabou de entrar em operação. Esse é o segmento que pressionou a alavancagem da companhia nos últimos anos. A tendência é que a Triunfo, agora, aliene toda a sua participação em energia. Assim, pode antecipar para já um capital que seria gerado ao longo do contrato de concessão.
Outro mecanismo é a venda de participação no segmento de cabotagem. A controlada Maestra está tendo um crescimento bem mais lento do que era esperado, de acordo com o relato do mercado. A empresa tem declarado a analistas e investidores que conversa com potenciais interessados em serem novos sócios da subsidiária, como operadores de logística rodoviária. Nesse caso, a Triunfo pode aceitar até virar minoritária na empresa que criou."
Fonte: Portos e Navios
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