"A bandeira McDonald"s, administrada pela Arcos Dorados, emprega mais de 42 mil pessoas no país e é a maior rede de lanchonetes do mercado brasileiro
Marlene Fernandez del Granado, ex-embaixadora da Bolívia nos Estados Unidos, exerceu ontem no Recife seus dotes diplomáticos e fechou um acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), que acusava a Arcos Dorados, empresa que opera a rede de lanchonetes McDonald"s no país, de praticar irregularidades. A multa de R$ 50 milhões, por danos morais coletivos aos trabalhadores, foi reduzida para R$ 7,5 milhões.
A ex-embaixadora é vice-presidente de assuntos governamentais da Arcos Dorados, que também atua nos demais países da América Latina e no Caribe. Ela voou ontem de Miami para o Recife, onde se deu a audiência judicial referente às irregularidades trabalhistas das quais a empresa era acusada pelo MPT. Durante uma reunião prévia à audiência, a vice-presidente desenhou um cenário preocupante para os negócios da companhia, que tem ações listadas na Bolsa de Valores de Nova York e faturou US$ 3,8 bilhões no ano passado.
Por volta das 10h30, Marlene chegou acompanhada do consultor empresarial Marco Marconini e de um advogado. A expectativa dos procuradores do MPT José de Lima e Leonardo Osório era alcançar um acordo para apenas formalizá-lo na audiência judicial marcada para o início da tarde. Ao falar sobre os R$ 50 milhões estipulados pelo MPT como forma de reparação de danos morais coletivos aos trabalhadores do McDonald"s, Marlene afirmou que a Arcos Dorados opera atualmente "quase sem margem" de lucro, e que estaria apenas "sobrevivendo". Ela argumentou que a economia brasileira "não está no melhor momento" e apelou para a solidariedade latino-americana dos procuradores. "Seria um castigo [pagar a multa]", disse ela.
"Estou vendo a situação tão difícil ao ponto de que estão barrando os salários. Não podemos viajar de classe executiva, mas sim de classe econômica; está nesse nível a situação", disse a vice-presidente da Arcos Dorados, que chegou a dar detalhes sobre seu próprio salário. Diante dos queixumes, o procurador José de Lima, responsável pela coordenação nacional de combate a fraudes nas relações de trabalho, cortou pela metade o valor da punição. Marlene, porém, acenou com R$ 3 milhões, admitindo chegar até R$ 5,5 milhões. Ela alegou que o pagamento de R$ 25 milhões poderia prejudicar seriamente a operação de sua companhia..."
Íntegra: Valor Econômico
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