"A General Motors afastou ontem temporariamente a possibilidade de demissão em massa na fábrica de São José dos Campos e anunciou a suspensão do contrato de trabalho de 940 funcionários de um total de 1.840 trabalhadores considerados excedentes pela montadora.
Esse grupo trabalha na linha de produção conhecida como MVA, que atualmente só produz o Classic.
O acordo foi anunciado no último sabado (4), após nove horas de reunião entre representantes da montadora, do Sindicato dos Metalúrgicos, do Ministério do Trabalho e Emprego, do governo do Estado e da prefeitura.A suspensão dos contratos, conhecida como layoff, vai durar até novembro.
Durante este período, os trabalhadores receberão subsídio de R$ 1.163 do Fundo de Amparo ao Trabalhado1 e o complemento do salário será pago pela empresa. Os empregados também terão que participar de cursos de qualificação.
A montadora também vai abrir um PDV (Programa de Demissão Voluntária) em todo o complexo industrial, que possui 7.540 operários.
Outro ponto do acordo prevê negociações nos próximos 60 dias sobre flexibi-lização trabalhista na unidade e o que acontecerá com os operários afastados.
O diretor de Assuntos Institucionais da GM, Luiz Moan, disse que, entre os itens que serão negociados estão redução da grade salarial e criação de banco de horas, como já ocorreu em outras unidades industriais da montadora no país.
Moan afirmou que o MVA vai continuar a funcionar com 900 operários até novembro. No total, o número de funcionários excedentes na planta soma 1.840, segundo o executivo.
O layoff já foi adotado pela GM na fábrica de São José em 2006. Na época, 240 trabalhadores da unidade tiveram os contratos suspensos por quatro meses. Ao final do período, metade deles acabou demitida.
Reunião foi marcada por protestos
A reunião entre Sindicato dos Metalúrgicos e a GM sobre o futuro da fábrica de São José dos Campos foi a mais longa do processo de negociação entre as partes.
A reunião, ocorrida na sede regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), começou às 10h e somente foi encerrada às 19h.
Segundo relatos de participantes, a negociação teve momentos tensos entre as duas partes por conta de impasses durante o processo de discussão, com interrupções para conferências das partes.
Do lado de fora do Ciesp, sindicalistas, metalúrgicos da GM, integrantes da chapa 2, de oposição à atual diretoria do sindicato, fizeram vigília o dia todo. Os dois grupos agitaram bandeiras e faixas e chegaram a trocar farpas.
Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul estiveram no local para apoiar a mobilização em defesa do emprego na planta da GM em São José.
Avaliação. O secretário geral do Sindicato dos Metalúrgi-cos, Luiz Carlos Prates, o Mancha, afirmou que o acordo firmado com a empresa foi “a proposta possível neste momento para afastar o risco de demissão em massa”.
O dirigente disse ainda que nos próximos 60 dias o sindicato vai negociar medidas para dar “mais competitividade à fábrica de São José”, mas não mencionou pontos que o sindicato considera polêmico, como flexibilização trabalhista.
Segundo a GM, a unidade de São José é a menos competitiva do grupo no país"
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