"A estreia do novo Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência foi precedida por uma série de aquisições e fusões de empresas, que somam mais de R$ 10,5 bilhões e envolvem forte participação de capital estrangeiro. Para não se submeter às novas regras, pelo menos dez grandes negócios foram firmados em áreas diversas, como transporte, energia, alimentos e indústria farmacêutica, nos cinco dias anteriores ao início do funcionamento da nova estrutura do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A maioria dos anúncios foi feita esta semana, com destaque para a compra da Comgás pela Cosan, que adquiriu 60,1% da distribuidora paulista por R$ 3,4 bilhões. Ontem, entraram em vigor as atribuições do chamado Super-Cade, que absorveu atribuições da Secretaria de Defesa Econômica (SDE), do Ministério da Justiça, e da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), da Fazenda.
"Grandes negócios não são feitos em poucos dias. O grande número de acordos estabelecidos recentemente refletem o interesse de acelerar os processos para evitar as incertezas da nova legislação", explica o advogado Pedro Paulo Cristofaro, do escritório Lobo & Ibeas. Segundo ele, as operações passarão pelo crivo do sistema antitruste, mas conforme as regras anteriores, que não previam, como vai ocorrer a partir de gora, a análise de grandes operações antes que elas sejam formalizadas. "A apresentação prévia de atos de concentração foi um avanço e o Cade continuará atuando com velhos e novos instrumentos", acrescenta.
Um grande teste neste sentido será a fusão das companhias aéreas Azul e Trip, revelada na
segunda-feira. A nova empresa terá 14,2% do mercado, com 112 aeronaves, 837 voos diários, 316 rotas e 96 cidades atendidas. No mesmo dia, o grupo britânico de bebidas Diageo, dono das marcas Smirnoff e Johnnie Walker, anunciou a compra da cachaça brasileira Ypióca por R$ 900 milhões.
Arrastão
Ontem, foi anunciada a venda da rede de churrascarias Fogo de Chão, por US$ 800 milhões, ao fundo de investimentos norte-americano Thomas H. Lee Partners. E a Cosan Alimentos, dona da marca de açúcar União, informou ter vendido seu negócio no varejo para a Camil, líder nos segmentos de arroz e pescados, por R$ 345 milhões.
A largada dessa corrida às compras foi dada na quinta-feira pela gigante norte-americana do setor alimentício General Mills, dona da sorvetes Häagen-Dazs. Ela acertou a aquisição da indústria brasileira de alimentos Yoki, por R$ 1,75 bilhão. Depois foi a vez da companhia farmacêutica japonesa Takeda anunciar a compra da gaúcha Multilab, dona da marca Neosaldina, por meio bilhão.
Até o fundo de investimento do bilionário húngaro naturalizado norte-americano George Soros aproveitou o "feirão do Super-Cade" para levar a brasileira Sunrise Telecomunicações, que vende pacotes de TV paga no interior de São Paulo. O arrastão corporativo também contou com operações domésticas, como a compra da rede catarinense de ensino Uniasselvi pelo grupo mineiro Kroton por R$ 510 milhões. A multinacional de entregas Fedex avisou ter fechado acordo para compra da Rapidão Cometa, com sede em Recife, sem informar o valor do negócio. Por fim, o Grupo BTG Pactual comprou 40% da varejista de roupas Leader, por R$ 558,4 milhões."
Extraído de http://www.correiobraziliense.com.br/
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