Enfim, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) e seus trabalhadores deram uma trégua ao impasse que durou quase 30 dias. Após duas extensas audiências realizadas ontem no Ministério Público do Trabalho em Pernambuco (MPT-PE), ficou decidido que serão retiradas as justas causas de todas as demissões promovidas na semana passada por conta do conflito do último dia 15, e reabertas as negociações pacíficas para as reivindicações feitas pelos trabalhadores no começo de setembro. Apenas três pessoas, integrantes da comissão independente formada no começo do mês, continuarão demitidos por justa causa, por não terem aceitado o acordo.
O número total de demissões no EAS permanece indefinido. Especulações dos trabalhadores são de que tenham ocorrido 400 desligamentos, mas durante as negociações de ontem foi apresentado um número bem menor ao MPT-PE: 160.
Com a reversão da justa causa, todos os demitidos receberão os direitos trabalhistas previstos em uma rescisão de contrato. Nove deles terão um ganho a mais. Eles também compunham a comissão independente e, conforme havia sido acordado com a empresa no começo do mês, tinham estabilidade. Para compensar a quebra desse acordo, receberão um adicional equivalente a seis meses de salário.
Apesar do resultado positivo para os trabalhadores, o clima de tensão dominou a maior parte do dia. Um grupo de funcionários demitidos, muitos usando a farda do EAS, se dirigiram à Procuradoria Regional do Trabalho da 6ª Região para esperar por notícias. Do outro lado da rua, duas viaturas da Rádio-Patrulha da Polícia Militar observavam as movimentações. Além disso, assim como ocorreu na última sexta-feira, EAS e trabalhadores ficaram em salas separadas.
O ponto mais polêmico nas negociações foi a reintegração dos 12 membros da comissão. No início, o pedido era de que todos voltassem aos seus empregos, o que o EAS não concordou. No final da manhã, nove resolveram desistir e aceitaram suas demissões. Três mantiveram-se irredutíveis até o final do dia e foram os únicos a continuarem desligados por justa causa.
Quanto ao cumprimento dos pedidos dos trabalhadores, o EAS terá agora que fechar uma proposta formal que atenda todos eles e apresentá-la no dia 7 de outubro.
Dentre as reivindicações, confirmadas pelo EAS através de nota oficial, estão a refrigeração dos chamados ambientes confinados e climatização do refeitório industrial, estudo sobre insalubridade e periculosidade, com acompanhamento do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pernambuco, análise de casos de desvio de função na empresa, representação para pessoas com deficiência, e estabelecimento de faixas salariais por nível de complexidade das atividades a fim de solucionar os casos de diferenças de rendimentos para profissionais de mesma função."
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