segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Setor elétrico se adapta às exigências dos novos tempos (Fonte: Valor Econômico)

"Investir em fontes renováveis está na ordem do dia do setor elétrico. Terceiro maior grupo gerador privado do país, com 2% de participação no segmento de geração, a CPFL Energia procura expandir sua capacidade de produzir energia com fontes renováveis, que já representam 93% da matriz do grupo, e anunciou uma série de investimentos na área. No início de abril, divulgou a aquisição, por R$ 1,5 bilhão, da empresa de energia eólica Siif Énergies, somando quatro usinas eólicas em operação no Ceará, com capacidade de 210 MW, além de adicionar outros 732 MW em projetos.
Duas semanas depois, em parceria com a Ersa, criou a CPFL Renováveis, reunindo os ativos das duas empresas em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), parques eólicos e usinas termelétricas a biomassa. A nova companhia, da qual a CPFL terá 63,6% das ações, nasceu como uma das maiores da América Latina em geração por fontes renováveis, com 648 MW de potência instalada em operação, 386 MW em construção e 3.341 MW em desenvolvimento.
"Os negócios são resultado da estratégia da empresa, que desde 2006 percebeu que a questão energética e as mudanças climáticas seriam os temas do século XXI, em um cenário de transição para a economia de baixo carbono", diz Augusto Rodrigues, diretor de comunicação empresarial. A atenção para a questão foi despertada quando as PCHs da empresa no Estado de São Paulo pararam de funcionar por falta de água nas turbinas. Em paralelo, observou-se que os regimes hidrológicos estavam mudando.
Há cinco anos, a CPFL iniciou um longo debate entre os executivos com base em uma pergunta: como equilibrar a demanda crescente por energia com o uso racional dos recursos naturais e a redução das emissões dos gases de efeito estufa? Para entender os desafios do novo século, a empresa procurou o conhecimento de especialistas sobre meio ambiente, mudanças climáticas, economia verde e inovação.
"Realizamos palestras com especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e de universidades sobre o tema das mudanças climáticas e fizemos uma publicação interna para os colaboradores sobre a importância do assunto", diz Rodrigues. Depois desse trabalho, as metas estratégicas foram revistas e a busca de soluções sustentáveis passou a ser uma das prioridades da CPFL.
A partir da nova visão, a empresa adotou programas de redução de perdas, reforçou sua atuação em programas de eficiência energética e passou a investir na repotenciação de PCHs, na construção de hidrelétricas com elevada eficiência ambiental (relação de potência instalada por quilômetro quadrado inundado), de parques eólicos e de usinas movidas pela queima do bagaço de cana-de-açúcar. Em 1997, quando foi privatizada, a CPFL tinha 19 PCHs. Hoje tem 45. "Temos quatro parques eólicos em operação e 17 em construção. Também estamos com uma usina de biomassa em funcionamento e seis que deverão passar a operar gradualmente até 2013", afirma Rodrigues.
O caminho para a economia verde na CPFL também envolve a mobilização dos colaboradores, da sociedade e dos fornecedores. "Participamos de diversos fóruns no Brasil e no exterior sobre a questão da energia e das mudanças climáticas e procuramos apoiar ações que deem visibilidade ao tema na sociedade, concentrando esforços para que todos estejam envolvidos na mesma crença", explica Rodrigues.
Não é um exemplo isolado. No início de julho, a Light - concessionária que atua no Rio de Janeiro e que tem a estatal mineira Cemig como uma das principais acionistas - firmou um acordo estratégico com a Renova, primeira empresa dedicada às fontes renováveis com ações listadas na BMF&Bovespa. Pelo acerto, a Light irá investir R$ 360 milhões em troca de 26,2% do capital total da Renova. O objetivo é transformá-la no veículo para o crescimento da Light no segmento de fontes alternativas de energia, principalmente a eólica.
Para a Light, o acordo representa o ingresso em um novo segmento, que também passa a ser uma rota alternativa de crescimento de sua plataforma de geração. Com o investimento, a capacidade de geração da Light passará dos atuais 855 MW para 1.006 MW em 2013. "O investimento na Renova representa uma nova fronteira de expansão na atividade de geração, permitindo o aumento da participação desse rentável negócio nos resultados da Light", disse o diretor de novos negócios e institucional, Paulo Roberto Ribeiro Pinto, sobre o acordo.
Outro exemplo de investimento privado em fontes renováveis é a Copel, que informou em junho ter aprovado a aquisição de 49,9% de participação acionária nos parques eólicos Farol (20 MW), Olho d"Água (30 MW), São Bento do Norte (30 MW) e Boa Vista (14 MW), todos localizados no Rio Grande do Norte. O valor da aquisição não foi divulgado. Quando concluídas em 2013, as usinas terão potência suficiente para o atendimento do consumo de uma cidade com 200 mil habitantes, aproximadamente."

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