"Muito samba promete levantar o público no teatro Nacional de Brasília, no dia 18 de agosto, a partir das 20 horas, no encerramento das comemorações do 23º Aniversário da Fundação Cultural Palmares. Tudo em grande estilo, ao som da cantora Leci Brandão. Consagrada por suas músicas de valorização da cultura negra, a cantora exibiu toda sua simpatia e talento ao conversar por telefone com a equipe de comunicação da Palmares.
Fundação Cultural Palmares
Para Leci, reconhecer o valor da cultura afrodescendente é promover a justiça e igualdade.
Cantora e compositora, Leci Brandão começou sua carreira no início da década de 1970. Foi a primeira mulher a participar da ala de compositores da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Atualmente, além de se dedicar à música, é a segunda mulher a ocupar o cargo de deputada na Assembléia Legislativa de São Paulo pelo PCdoB.
Em sua trajetória sempre trabalhou em favor da causa negra, da igualdade racial e na luta contra a discriminação. Considerada cantora das comunidades, cantou no Encontro Mundial de Povos Africanos ocorrido nas cidades de Salvador e Brasília, recebeu a comenda de Zumbi dos Palmares cedida pelo governo de Alagoas, é membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
Fundação Palmares: Você sempre trabalhou em defesa dos direitos do negro. No Brasil, as atitudes preconceituosas estão enraizadas em alguns costumes sociais. Que alternativas sugere para o combate do racismo?
Leci Brandão: Em minhas viagens como artista, parlamentar ou cidadã, percebo o baixo número de executivos ou, ainda de comissários de bordo negros presentes em vôos comerciais. Quando notada, essa presença ainda causa surpresa e curiosidade. Estamos inseridos nos elencos das novelas ainda relacionados ao papel de escravos, não somos os alvos das agências de publicidade nas propagandas de carros ou condomínios de luxo, a criança negra não está inserida na mídia comercial por não ser considerada consumidora de fraldas descartáveis. Somos minoria no Congresso Nacional e precisamos fazer parte do empoderamento desse país. Se estivéssemos em quantidade igualitária no poder, teríamos muito mais condições de discutir e resolver nossas demandas.
Fundação Palmares: Na sua opinião, que benefícios a população negra pode ter com a implementação do Estatuto da Igualdade Racial?
LB: Ainda não vi uma resolução para a questão das cotas e do livre exercício dos adeptos de religiões de matriz africana. Acredito que as ações afirmativas podem alcançar as cotas no serviço público em âmbito federal ou em uma maior representatividade dos negros em cargos de direção nas empresas multinacionais. A minha proposta, inclusive já debatida com o ministro da Educação, Fernando Haddad, é de que além das cotas para educação, benefícios como alimentação, passagens e livros também fossem disponibilizados. Precisamos de negros nas escolas de medicina, estamos cansados de ser relacionados sempre a futebol ou carnaval.
Fundação Palmares: Para você o que seria um país pleno de igualdade de oportunidades?
LB: Acredito que um país que torna possível o acesso à ações afirmativas como educação e cultura, é responsável pela manutenção e perpetuação do conhecimento a gerações futuras. Educar para transformar. Estimular as crianças hoje, para serem os rappers ou músicos de orquestras sinfônicas amanhã. Somente a educação e a inclusão social são capazes de mudar significativamente o modo de pensar de uma pessoa, permitindo assim que cada um escreva sua própria história.
Fundação Palmares: As letras de suas músicas são consideradas protestos sociais. Como as manifestações culturais podem contribuir para a construção de um país mais justo?
LB: Tenho muito prazer em ter atribuído os meus 36 anos de carreira artística em favor da causa negra. Precisamos despertar para o orgulho de ser negro, para a valorização da cultura afrodescendente e estimular os representantes de entidades sindicais, associações de moradores, agrupamentos de mulheres negras, entre outros, a se candidatarem às câmaras municipais de suas cidades. Assim, esses novos representantes se tornariam responsáveis pela construção política, econômica, cultural e social de uma realidade democrática, equitativa e sem pobreza.
Fundação Palmares: O que o público da Fundação Cultural Palmares pode esperar do seu show?
LB: Nosso show sempre homenageia grandes nomes, como Candeia, Dona Ivone Lara, Jovelina Pérola Negra, Jorge Aragão, Djavan e Milton Nascimento. Personalidades negras que deram ritmo, talento e propriedade a música popular brasileira. O público pode esperar também os clássicos “Negro Zumbi” e “Olodum Força Divina”. Será um momento de exaltação à cultura negra e para mim uma honra estar no show comemorativo do 23º aniversário da Fundação Cultural Palmares – entidade responsável pela valorização do negro."
Cantora e compositora, Leci Brandão começou sua carreira no início da década de 1970. Foi a primeira mulher a participar da ala de compositores da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Atualmente, além de se dedicar à música, é a segunda mulher a ocupar o cargo de deputada na Assembléia Legislativa de São Paulo pelo PCdoB.
Em sua trajetória sempre trabalhou em favor da causa negra, da igualdade racial e na luta contra a discriminação. Considerada cantora das comunidades, cantou no Encontro Mundial de Povos Africanos ocorrido nas cidades de Salvador e Brasília, recebeu a comenda de Zumbi dos Palmares cedida pelo governo de Alagoas, é membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
Fundação Palmares: Você sempre trabalhou em defesa dos direitos do negro. No Brasil, as atitudes preconceituosas estão enraizadas em alguns costumes sociais. Que alternativas sugere para o combate do racismo?
Leci Brandão: Em minhas viagens como artista, parlamentar ou cidadã, percebo o baixo número de executivos ou, ainda de comissários de bordo negros presentes em vôos comerciais. Quando notada, essa presença ainda causa surpresa e curiosidade. Estamos inseridos nos elencos das novelas ainda relacionados ao papel de escravos, não somos os alvos das agências de publicidade nas propagandas de carros ou condomínios de luxo, a criança negra não está inserida na mídia comercial por não ser considerada consumidora de fraldas descartáveis. Somos minoria no Congresso Nacional e precisamos fazer parte do empoderamento desse país. Se estivéssemos em quantidade igualitária no poder, teríamos muito mais condições de discutir e resolver nossas demandas.
Fundação Palmares: Na sua opinião, que benefícios a população negra pode ter com a implementação do Estatuto da Igualdade Racial?
LB: Ainda não vi uma resolução para a questão das cotas e do livre exercício dos adeptos de religiões de matriz africana. Acredito que as ações afirmativas podem alcançar as cotas no serviço público em âmbito federal ou em uma maior representatividade dos negros em cargos de direção nas empresas multinacionais. A minha proposta, inclusive já debatida com o ministro da Educação, Fernando Haddad, é de que além das cotas para educação, benefícios como alimentação, passagens e livros também fossem disponibilizados. Precisamos de negros nas escolas de medicina, estamos cansados de ser relacionados sempre a futebol ou carnaval.
Fundação Palmares: Para você o que seria um país pleno de igualdade de oportunidades?
LB: Acredito que um país que torna possível o acesso à ações afirmativas como educação e cultura, é responsável pela manutenção e perpetuação do conhecimento a gerações futuras. Educar para transformar. Estimular as crianças hoje, para serem os rappers ou músicos de orquestras sinfônicas amanhã. Somente a educação e a inclusão social são capazes de mudar significativamente o modo de pensar de uma pessoa, permitindo assim que cada um escreva sua própria história.
Fundação Palmares: As letras de suas músicas são consideradas protestos sociais. Como as manifestações culturais podem contribuir para a construção de um país mais justo?
LB: Tenho muito prazer em ter atribuído os meus 36 anos de carreira artística em favor da causa negra. Precisamos despertar para o orgulho de ser negro, para a valorização da cultura afrodescendente e estimular os representantes de entidades sindicais, associações de moradores, agrupamentos de mulheres negras, entre outros, a se candidatarem às câmaras municipais de suas cidades. Assim, esses novos representantes se tornariam responsáveis pela construção política, econômica, cultural e social de uma realidade democrática, equitativa e sem pobreza.
Fundação Palmares: O que o público da Fundação Cultural Palmares pode esperar do seu show?
LB: Nosso show sempre homenageia grandes nomes, como Candeia, Dona Ivone Lara, Jovelina Pérola Negra, Jorge Aragão, Djavan e Milton Nascimento. Personalidades negras que deram ritmo, talento e propriedade a música popular brasileira. O público pode esperar também os clássicos “Negro Zumbi” e “Olodum Força Divina”. Será um momento de exaltação à cultura negra e para mim uma honra estar no show comemorativo do 23º aniversário da Fundação Cultural Palmares – entidade responsável pela valorização do negro."
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