"Procuradores encontram roupas de várias grifes em confecção
SÃO PAULO. Blitz do Ministério Público do Trabalho (MPT) encontrou mais indícios de trabalho escravo, dessa vez em uma oficina de confecção de roupas em Americana, no interior paulista. Além da espanhola Zara, que já aparece em uma investigação feita na capital paulista, roupas de outras seis grifes foram encontradas no local.
Segundo a procuradora Fabíola Zani, do Ministério Público de Campinas, os representantes da Ecko, Gregory, Billabong, Brooksfield, Cobra d"Água e Tyrol serão chamados a prestar esclarecimentos e terão que assinar um Termo de Ajustamento de Conduta se comprometendo a regularizar o trabalho nas confecções. Se houver recusa, o caminho pode ser ação judicial. A Zara, responsável por 50% da produção da oficina em Americana, terá um tratamento "mais rígido", diz o Ministério Público.
- A situação é grave para as empresas que têm a sua imagem ligada ao trabalho degradante. Vamos chamar todas para uma conversa.
Segundo o MPT, 51 pessoas trabalhavam em condições análoga à escravidão na confecção de Americana. Eram 45 bolivianos, cinco brasileiros e um chileno. O local foi interditado e os trabalhadores - boa parte em situação ilegal no Brasil - mudaram de residência sem avisar para onde foram. O galpão servia como alojamento dos trabalhadores e de seus filhos. A procuradora disse que as condições de higiene e segurança eram mínimas e que havia risco de incêndio e intoxicação, já que havia botijões de gás nos quartos.
As empresas negam envolvimento no caso. Por meio de nota, a Gregory afirmou que "a empresa não fabrica nenhuma peça que é comercializada nas suas lojas. O serviço é terceirizado por fornecedores e nenhum deles está localizado em Americana". No comunicado, a assessoria de imprensa disse ainda que a empresa "desconhece esse fato e irá apurar como etiquetas da marca foram parar no local".
Vizinho desconhecia existência da confecção
Em entrevista ao site G1, Bruno Minelli, responsável pelo desenvolvimento de produto da Brooksfield, também informou que "a empresa não compra produtos de nenhum fornecedor em Americana". Segundo o executivo, que diz não ter sido notificado pelo MPT e só visto o caso pela imprensa, a empresa tenta combater os frequentes casos de falsificação de seus produtos. Os representantes das outras grifes não foram encontrados até ontem à noite.
Em São Paulo, os dois endereços onde a fiscalização encontrou bolivianos trabalhando como escravos na produção de roupas da espanhola Zara permaneciam fechados ontem. Na oficina do bairro do Bom Retiro, os vizinhos evitam falar sobre o assunto. Bruna Bianchetti, de 25 anos, gerente de uma loja de motos, disse que os bolivianos saíam pouco e não conversavam com ninguém:
- Eu nem sabia que funcionava uma confecção. Pensei que fosse uma família de bolivianos morando no país. Eles estavam no local há menos de um ano e eram muito reservados."
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