sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

#Paraná: "#Copel tenta se distanciar da era Requião" (Fonte: Valor Econômico)

"Valor Econômico - 21/01/2011

A empresa estatal de energia do Paraná, quinta maior distribuidora e nona maior geradora do país, começa a década claramente com uma nova gestão depois de oito anos sob o comando do ex-governador, Roberto Requião (PMDB). O novo presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, indicado pelo governador Beto Richa (PSDB), dá o primeiro tom da mudança: reajustes tarifários refletem a real necessidade da empresa para investir e serão aplicados em sua integridade. "Temos que recuperar a qualidade da prestação de serviço da Copel e qualquer frustração de receita impede isso", diz Zimmer, em referência à sistemática imposição do ex-governador que em três diferentes momentos impediu reajustes para beneficiar consumidores. Se nesse caso a posição é díspare, os planos de crescimento da empresa em geração de energia até coincidem com o que se pregava no fim do governo anterior: a expansão fora do Paraná. Mas Zimmer faz questão de frisar que foi tardia, somente no último ano, e agressiva demais a forma como se deu essa expansão. A Copel foi vencedora do leilão de Colíder e de linhas de transmissão em São Paulo. A meta é crescer, segundo Zimmer, mas sob a condição de bons retornos. Isso não teve nada a ver, entretanto, com o fato de a Copel ter sido pouco competitiva no leilão da hidrelétrica Teles Pires, no Mato Grosso. "A empresa vivia um período de transição (em dezembro) e era prudente não repassar um investimento dessa magnitude ao novo governo", diz Zimmer.
Em 2011, a Copel deve investir R$ 2 bilhões. A empresa tem forte caixa e muito pouca dívida - representa apenas 20% de seu patrimônio líquido. "Isso significa que podemos alavancar em R$ 5 bilhões ou R$ 6 bilhões novos investimentos", diz Zimmer. A meta é atingir em capacidade de geração o total do consumo do Paraná. Isso deve significar 1.200 MW em capacidade instalada. Como a empresa vai construir Colíder, para atingir essa meta faltam 900 MW. Com a mudança da legislação estadual, a empresa poderá a partir de agora ser minoritária em projetos que participe e isso deve facilitar sua expansão principalmente em projetos de pequenas centrais hidrelétricas e energia eólica.
O que preocupa, nesse momento, a Copel é o fim das concessões que acontece em 2015 e 2023 para as usinas da empresa. Do alto de seus 40 anos de setor elétrico, Zimmer diz que é certo que o governo federal irá renovar as concessões, a preocupação, entretanto, é a que preço. "É claro que a modicidade tarifária é importante, mas o governo federal precisa estar ciente de que não pode reduzir drasticamente a receita das geradoras pois vai impedir novos investimentos".
Com os preços baixos dos últimos leilões de energia, existe a preocupação de que o governo abaixe demais os preços para a renovação das concessões, afetando a receita das companhias. A Copel só está mais tranquila nesse quesito pois acredita que o governo federal não irá penalizar suas próprias empresas, já que boa parte das concessões a vencer pertencem à Eletrobras.
Em transmissão, os planos não são muito ambiciosos e a empresa deve centrar mais seus negócios em geração. De qualquer forma, todo um plano estratégico ainda será formulado e entregue ao atual governador. Em distribuição, o novo presidente está ciente das diversas empresas estatais que estão sendo vendidas, em parte, por seus acionistas. Caso da Celesc e Celg.
Diferentemente do que se podia esperar, o terceiro ciclo de revisão tarifária ainda não é uma preocupação de Zimmer, que ainda está tomando par de toda a situação da companhia. As novas regras para a revisão de tarifas, entretanto, que estão sendo discutidas na Aneel, devem afetar em 40% o resultado das distribuidoras em geral e sua capacidade de geração de caixa.
Se as diferenças com o governo Requião parecem grandes, pelo menos um desejo do governo passado é compartilhado: a entrada da Copel em Baixo Iguaçu, no rio Iguaçu, no Paraná. O leilão da usina foi vencido pela Neoenergia em 2008, mas a obra está paralisada por uma briga judicial. "Mas se a Neoenergia acenar...", diz Zimmer."

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