"Vejo ainda com desconfianças e reservas a propalada inflexão editorial das Organizações Globo rumo a uma postura mais responsável na abordagem da crise política que vive o país. A julgar pelos seus editorais e notícias recentes, a empresa dos Marinho também colocou um ponto final no apoio cego aos desmandos insanos de Eduardo Cunha à frente da Câmara dos Deputados, passando a criticá-lo duramente.
Contudo, recomenda-se muita calma nessa hora. Se é possível que os apelos ao bom senso e ao respeito às regras do jogo democrático para preservar a economia do país, feitos pelos donos do meios de produção e do capital, os presidentes da Fiesp, Firjan e do Bradesco, tenham feito a Globo entender o risco de jogar fora a água da bacia levando bebê junto, também não é fácil acreditar no súbito surto democrático de quem carrega o golpismo e a oposição às boas causas do povo brasileiro no DNA.
De fato, já se percebe uma mudança de tom e conteúdo tanto nos editoriais como no noticiário dos veículos de comunicação da Globo. Nesta segunda-feira (10), a fala da presidenta Dilma condenando os que apostam no vale-tudo contra o Brasil, durante a entrega de casas do Minha Casa, Minha Vida, no Maranhão, reinou com letras garrafais e fotos enormes durante praticamente a tarde inteira no Globo Online.
Também dão o que pensar o editorial do jornal O Globo de sexta-feira passada, atacando Cunha e defendendo a governabilidade de Dilma para o bem do país, bem como a repentina serenidade adotada pelos apresentadores do Jornal Nacional. Há quem diga, e é importante prestar atenção nesta tese, que tudo não passa de um movimento calculado para livrar a cara da Globo no caso de o golpe se consumar. Coisa de quem amarga a mancha infame em sua história de ter apoiado o golpe e a ditadura de 1964..."
Íntegra Altamiro Borges
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