O Globo - 08/01/2012
Estudo mostra que inflação menor fará trabalhador obter ainda ganho real de 2,7%, mas abaixo do aumento de 2010
SÃO PAULO. A previsão de uma inflação mais baixa, perto do centro da meta (4,5%), vai ajudar os trabalhadores na mesa de negociação com os patrões em 2012. Mas não se deve esperar por reajustes reais tão generosos como dois anos atrás. Culpa da desaceleração da economia. É o que revela um estudo da LCA sobre as negociações salariais este ano. Para a consultoria, o ganho real médio do trabalhador deve ficar em 2,7% - próximo da previsão para 2011 (de 2,6%), mas ainda longe do resultado de 2010 (3,8%).
- A inflação mais baixa joga para cima a renda do trabalhador, que consegue uma boa negociação salarial. Mas não se pode esquecer que o mercado de trabalho está em ritmo de desaceleração provocado pela queda da economia. Assim, uma grande parte dos ocupados terá dificuldade maior de obter ganho real em 2012 - afirmou Fábio Romão, economista da LCA.
Segundo o Ministério do Trabalho, o Brasil gerou 2,320 milhões de postos de trabalho com registro em carteira entre janeiro e novembro do ano passado (os dados de dezembro ainda não foram divulgados), contra 2,918 milhões de 2010.
Em janeiro de 2011, segundo a LCA, o rendimento médio real do trabalhador (descontada a inflação) era 5,3% maior em relação ao mesmo mês do ano anterior. Em abril, a diferença caiu para 1,9%, voltou a subir para 4% em maio, e ficou negativo (-0,3%) em outubro, último dado disponível do estudo.
A bancária Katiucy Aparecida Arcanjo, de 27 anos, recebeu 9% de reajuste salarial em outubro, o que significou um aumento real de 1,5%. Insuficiente para dar uma folga ao apertado orçamento da escriturária, que ganha R$1.600 por mês, permitiu que gastasse um pouco mais em lazer.
- Moro sozinha e pago o aluguel e as despesas da casa com o salário. Mas com o último reajuste, consegui guardar um dinheiro para uma pequena viagem e me matriculei em uma academia. Não consigo fazer muito mais com os R$100 a mais que passei a ganhar - disse Katiucy, que é funcionária do Banco do Brasil, em São Paulo."
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